14.03.2016
PT PRESSIONA LULA PARA VIRAR
UM TUTOR DE DILMA
PT VÊ EM LULA TÁBUA DE SALVAÇÃO DO GOVERNO |
(Por Josias de Souza) Sob
o impacto da maior manifestação de rua da história do país, cresceu nas últimas
horas a pressão do PT para que Lula ocupe um ministério no que restou do
governo de Dilma Rousseff. Disseminou-se na cúpula do partido o entendimento
segundo o qual a presença de Lula no primeiro escalão pode ser a única cartada
capaz de deter o avanço do impeachment. Deseja-se que o criador de Dilma atue
como uma espécie de tutor de sua criatura, articulando uma reação.
Desde
que a plataforma eleitoral de Dilma se converteu em estelionato político, já
nos primeiros meses depois do início do segundo mandato, o país esperava pelo
sinal de que o fim estivesse próximo. Os protestos deste domingo justificaram o
uso do ponto de exclamação que costuma soar quando as pessoas dizem “tudo tem
limite!” O asfalto emitiu um sinal eloquente.
Nesta
segunda-feira, 14 de março de 2016, restam 1.021 dias de mandato para Dilma.
Foram transformados pelas ruas em epílogo. Longe dos refletores, não se ouve
nenhuma voz capaz de apostar uma pataca na permanência de Dilma no cargo por
tanto tempo sem um milagre. Para o petismo, o milagre se chama Lula.
Na
noite passada, o repórter perguntou a um dos devotos de Lula que mágica ele
faria para conseguir tirar uma cartola de dentro do coelho. Eis a resposta: “O
Lula é, a essa altura, a única liderança capaz de virar o governo do avesso,
dando a ele um rumo.” A afirmação baseia-se num tipo de fé que parece mais
cristã do que política. A esse ponto chegou o governo Dilma.
É
improvável que Lula, cuja santidade encontra-se sub judice em vários
inquéritos, consiga soerguer o governo Dilma. Mas sua conversão em ministro
seria um castigo do destino proporcional aos seus pecados. Primeiro porque
parte do desgaste de Dilma se deve a ele, já que o petrolão, assim como o
mensalão, fou idealizado e implementado na sua gestão. Segundo porque a fábula
do talento gerencial de Dilma é de sua autoria.
São
três os mecanismos legais que podem ser usados para encurtar o mandato de
Dilma: a renúncia, que ela rejeita; a cassação da chapa presidencial pela
Justiça Eleitoral, que depende de um processo demorado; e o impeachment, que o
eventual desembarque do PMDB pode apressar no Congresso. Nas próximas semanas,
não se falará noutra coisa em Brasília.
O
epílogo de Dilma pode ser longo ou curto. Por ora, a única certeza é que, com
Lula no ministério, o ocaso seria mais divertido. De saída, seria hilário
observar a ginástica verbal que o personagem faria para negar que sua nomeação
tivesse o objetivo de lhe escondê-lo do juiz Sérgio Moro, atrás do biombo do
foro privilegiado.
http://josiasdesouza.blogosfera.uol.com.br/
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