13.03.2016
PMDB TRATA GESTÃO DILMA COMO
CADÁVER NA FILA
VALTER CAMPANATO/ABr |
(Por Josias de Souza) Num
instante em que Dilma imagina que tudo está ruim — o Lula virando ex-Lula, o PT
aderindo à oposição, o marqueteiro Santana na cadeia, o ex-líder Delcídio
suando o dedo, a Andrade Gutierrez iluminando as arcas de 2014, a OAS costeando
o alambrado, a Odebrechet coçando a língua— vem o PMDB à boca do palco para
informar que o ruim ficará muito pior. Diante do esfarelamento do governo, o
principal aliado do Planalto esclarece que, em vez de ajudar Dilma, prefere
substitui-la, acomodando na cadeira dela o vice Michel Temer, reconduzido ao
comando do partido.
Na
convenção nacional do PMDB, realizada neste sábado, Dilma apanhou indefesa. E o
partido marcou data para deliberar sobre a proposta de rompimento com o
governo: até 30 dias. A fixação do prazo de um mês impõe à cena uma certa
ponderabilidade cômica. Como a do sujeito que diz que vai quebrar a cara do
outro, mas leva tanto tempo para levantar da cadeira que acaba comprometendo a
seriedade da ameaça.
Porém,
o PMDB aprovou também uma moção proibindo seus filiados de aceitar cargos no
governo, sob pena de expulsão. Fez isso numa hora em que Dilma promete enviar
ao Diário Oficial a nomeação do deputado Mauro Lopes (PMDB-MG) para a pasta da
Aviação Civil. É como se o partido desejasse realçar que fala tão sério que,
contrariando sua natureza fisiológica, passou a recusar cargos.
O
PMDB já demonstrou que pode ser a favor de tudo e contra qualquer outra coisa.
Mas, no momento, parece decidido a provar que está contra Dilma e a favor de si
mesmo. Enxerga na crise a perspectiva de trocar as seis cadeiras que ocupa na
Esplanada pela poltrona de presidente da República, à qual Michel Temer
chegaria pela via do impeachment.
“Ao
discursar (na convenção nacional do PMDB), Michel Temer disse que um dos
objetivos do PMDB é “resgatar os valores da República”. A promessa só vale até
certo ponto. O ponto de interrogação”
Se
fosse possível ao brasileiro ficar sentado de frente para um ponto imóvel da
política nacional por um tempo indeterminado, veria acontecer de tudo, além de
perceber que o PMDB passaria várias vezes, em várias direções — todas elas
conduzindo para um mesmo lugar: o poder.
Considerando-se
o faro do PMDB, se a legenda toma distância da presidente da República, é
porque passou a enxergar na impotência de madame uma oportunidade a ser
aproveitada. Dilma ainda dispõe de dois anos e nove meses de mandato. Mas o
PMDB trata sua gestão como um cadáver esperando na fila para acontecer.
Neste
domingo, o asfalto roncará. Se o ronco for alto, o PMDB, depois de usufruir de
todas as benesses que o poder compartilhado lhe ofereceu, desembarcará da
parceria com o PT em grande estilo, como um navio que abandona os ratos.
Ninguém está prestando muita atenção. Mas personagens como Eduardo Cunha e
Renan Calheiros continuam a bordo do PMDB. Ao discursar, Michel Temer disse que
um dos objetivos do PMDB é “resgatar os valores da República”. A promessa só
vale até certo ponto. O ponto de interrogação.
http://josiasdesouza.blogosfera.uol.com.br/
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As cenas da Convenção Nacional e o quase histerismo pedindo Fora Dilma foram patéticas -- e trágicas. É esse partido que quer assumir (ou assaltar) o poder? Com Eduardo Cunha e Renan Calheiros na mesa de honra? E o discurso inflamado da Marta, de olho na cadeira do Haddad na maior cidade do País? E por fim o "aviso prévio", de que decidirão em 30 dias os rumos do partido em relação ao Governo -- ou seja: se largam os ossinhos pra comer o OSSÃO. Nosso ossão. Pra onde a gente olha, resta um gosto amargo, esse aperto no peito, essa impotência...
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