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Naquela manhã
de sábado, no bar e mercearia do Carneiro, o Velho Marinheiro, nosso Lobo do
Mar, era a própria candura. Também pudera. Deolinda – a “Fabulosa”, único
símbolo sexual digno do nome da Vila Invernada – sentou-se à sua mesa, aceitou
um copo de cerveja e começou a prosear, sem se preocupar em esconder o que o
decote avantajado e o sutiã três números menor insistiam em exibir:
-- Passei um
susto danado, esta semana. Meu chefe me chamou e foi direto ao ponto: “Você não
tem se saído bem como secretária. Alguns clientes reclamam que você nem sempre
anota os recados, fica impaciente quando a conversa se estende etc. Assim, fica
difícil.
-- E então? –
quis saber o Velho Marinheiro.
-- Quase surtei,
dependo do meu trabalho, o senhor sabe. Custei tanto a arrumar um emprego de
secretária! Estava com medo, mas lhe perguntei: “O senhor vai me demitir?”.
Para minha surpresa, ele me disse: “Não. Vou promovê-la.” Quase cai da cadeira.
E ele concluiu assim: “Seu corpo roliço na medida certa, suas nádegas e seus
seios fartos botam esse coração velho afogueado, são verdadeiro colírio para
minhas vistas fatigadas.” O que o senhor, Velho Marinheiro, acha disso?
-- Seu chefe
é homem de bom senso. Logo se vê. Sabe que é impossível agradar a todos e que
clientes são chatos, acham que têm sempre razão. Parabéns pela promoção
merecida. Vamos comemorar: “Carneiro: traga mais uma cerveja e uma porção de
croquetes. Dona Deolinda precisa se alimentar, para manter essa forma
exuberante.”
(novembro/2014)
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