SPONHOLZ |
11.03.2016
(Por Josias de Souza) Dilma
Rousseff não só acredita em vida depois da morte como crê que é esta que ela
está vivendo. Suposta presidente da República, Dilma já não tem capacidade nem
para projetar as aparências do poder. Para evitar que outras forças políticas
dêem um golpe, o PT decidiu implementar um impeachment companheiro. Articula a
conversão de Dilma em ex-presidente ainda no exercício da Presidência. Só falta
decidir o que o partido fará com o vácuo que herdará de si mesmo.
Lula
passará o final de semana refletindo sobre a conveniência de assumir um
ministério sob Dilma, informou Rui Falcão, presidente do PT, ao discursar na
noite desta quinta-feira para uma plateia de cerca de 300 militantes de
movimentos sociais. Lula não está interessado no escudo do foro privilegiado,
assegurou Falcão. Não, não. Absolutamente. A ideia é que ele vá à Esplanada
para “salvar o nosso projeto.” Bom, muito bom. Pode criar algo inteiramente
novo. Caos não falta.
“Lula
queria um sucessor invisível,
que
não lhe fizesse sombra.
Exagerou!”
Na
saída do evento, Falcão afirmou que a decisão de Lula pode sair no próprio
final de semana ou demorar mais alguns dias. “Essa é uma decisão dele. Lula
está tranquilo e sereno.” Noutros tempos, a escolha de ministros era decisão
exclusiva de presidentes. Mas Dilma não se importará se Lula decidir se
autonomear. Ela o deixou à vontade para escolher a pasta. O PT quer vê-lo na
Casa Civil. Funciona no 4º andar do Planalto, em sala que fica imediatamente
acima do gabinete presidencial, situado no 3º piso.
Não
é difícil imaginar a cena: na antessala do neo-ministro, congressistas e
empresários se acotovelando por uma audiência. Na sala de espera da
pseudo-presidente, o silêncio do vazio. No interior do gabinete, o nada. Inútil
tentar alcançar Dilma com os olhos. O olhar atravessa o nada e vai bater no
couro do espaldar da poltrona. Lula queria um sucessor invisível, que não lhe
fizesse sombra. Exagerou!
http://josiasdesouza.blogosfera.uol.com.br/
Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na “Folha de S. Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro “A História Real” (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de “Os Papéis Secretos do Exército''.
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