LULA: NA PENUMBRA (FOTO: GOOGLE) |
LULA RECUSA SUGESTÕES
E SE NEGA A PRESIDIR O PT
Petistas históricos, cujas rubricas constam da ata de fundação,
avaliam que o problema do partido é mais de script do que de diretor
Por Josias de Souza
UOL – 14/10/2016, às 03:18
Réu em três processos e protagonista de outras quatro investigações,
Lula é assediado por correligionários que gostariam de vê-lo no comando do PT.
Ele se recusa a dar ouvidos às sugestões. Apresenta duas razões para não
assumir a presidência da legenda. Sustenta que o PT precisa de “renovação”. E
alega que sua presença na direção do partido interessa mais aos adversários.
Nas palavras de Lula, seus rivais passariam a perseguir o objetivo
de “matar dois coelhos de uma só cajadada”. Nesse enredo construído pelo pajé
petista, delegados federais, procuradores da República, auditores do fisco e
magistrados uniram-se aos “golpistas” e à mídia monopolizada para arrancá-lo do
cenário de 2018. E as pancadas desferidas contra ele passariam a doer
automaticamente no partido.
Transferida do final para o início de 2017, a sucessão interna do PT
empacou na definição de um substituto para Rui Falcão, o atual presidente. A
palavra “renovação”, entoada inicialmente por Lula, tornou-se uma espécie de
mantra do processo. O problema é que os nomes que se encontram sobre a mesa
são, digamos, manjados. Por exemplo: o ex-ministro Jaques Wagner (BA), os
senadores Lindbergh Farias (RJ) e Humberto Costa (PE). Em maior ou menor
extensão, todos têm contas a ajustar com a Lava Jato.
De resto, petistas históricos, cujas rubricas constam da ata de
fundação, avaliam que o problema do partido é mais de script do que de diretor.
Aferrada à tese da perseguição política, a atual direção partidária não
consegue colocar em pé um discurso que se pareça com uma expiação. E, embora
Lula finja não perceber, o PT já sangra junto com ele.
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