POR ROQUE SPONHOLZ |
Cercado por todos os lados, o ex-presidente vê ruir
por completo a estratégia de atribuir suas desventuras
na Justiça a Sérgio Moro. Na última semana, o petista
virou réu pela terceira vez, de novo, por decisão
de um juiz do DF. No STF, ele foi incluído no “quadrilhão”
POR AGUIRRE TALENTO
ISTOÉ ONLINE
14.10.16 - 18h00
Às vésperas de completar 71 anos, amargando o ostracismo e derrotas
políticas humilhantes, o ex-presidente Lula está sufocado por um infindável
número de ações na Justiça, que poderá torná-lo ficha suja até as eleições de
2018, tirando-o do páreo. Na última semana, foi escrito mais um capítulo de sua
derrocada. Atendendo a uma denúncia do Ministério Público Federal, desta vez
sob acusação de tráfico de influência para liberar recursos do BNDES a obras da
empreiteira Odebrecht em Angola em troca da contratação da empresa de seu
sobrinho Taiguara Rodrigues por R$ 20
milhões, o juiz Vallisney de Oliveira, da 10ª Vara Federal do DF,
transformou Lula em réu pela terceira vez na quinta-feira 13. “O órgão
acusatório reitera que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria recebido
milhões de reais pagos pela Odebrecht para realizar viagens e palestras em
Cuba, República Dominicana e Angola, o que seria na verdade pagamento em
contrapartida por possível tráfico de influência, dentro de uma organização
criminosa de que faziam parte os réus indicados”.
Com a sentença desfavorável ao petista, a segunda da lavra do
magistrado do DF, mais uma das narrativas do ex-presidente cai por terra. Lula
passou os últimos meses dizendo-se vítima de uma implacável perseguição do juiz
de Curitiba, Sérgio Moro. Como se vê, agora, não é apenas o magistrado
integrante da “República de Curitiba” que vê indícios de ocorrência de práticas
criminosas pelo ex-presidente. O petista é alvo de ações em várias frentes e a
percepção geral é de que as investigações vão ser aceleradas. Na Justiça do DF
e no Supremo Tribunal Federal. Na mais alta corte do País, o relator do
Petrolão, Teori Zavascki, fatiou o inquérito que apura a formação de quadrilha
no Petrolão – chamado pelos investigadores de “quadrilhão”. Com a decisão, Lula
passou a ser alvo da investigação. O juiz do Distrito Federal, Vallisney de
Oliveira, também é responsável pela primeira ação penal contra o petista, que o
acusa de comandar a compra do silêncio do ex-diretor da Petrobras Nestor
Cerveró, obstruindo a Lava Jato. Na semana passada, a audiência do petista foi
marcada para o dia 17 de fevereiro de 2017. Será a primeira vez que Lula se
sentará no banco dos réus.
Defesa perdida
Os procuradores, também do DF, se dedicam a outras investigações
sobre possível tráfico de influência do petista para obras de empreiteiras em
países da América Latina. Entre eles, Equador, Panamá e Venezuela. A suspeita é
que houve pagamento de propina por meio da contratação de Lula também para
palestras. De 2011 a 2014, ele recebeu R$
30 milhões pelos supostos serviços. Os procuradores acham que os
recebimentos foram para “dissimular vantagens indevidas”, como no caso de
Angola. Mais perdida que cego em tiroteio, a defesa do petista insiste na tese
de que Lula nada tinha a ver com o BNDES, algo no mínimo risível.
Em Curitiba, Lula já é réu no caso do tríplex do Guarujá e deve
voltar a enfrentar problemas em breve. A força-tarefa da Lava Jato agora se
dedica ao caso do sítio de Atibaia, sob suspeita de que reformas pagas pelas
empreiteiras OAS e Odebrecht foram propinas em troca de benefícios dados pelo
petista enquanto era presidente. É pior do que inferno astral.
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