ARTE: ANTONIO LUCENA |
O
QUE LULA É
Lula
não é imoral, longe disso.
É
amoral – nem contrário nem conforme à moral
POR
RICARDO NOBLAT
PUBLICADO
EM 02/11/2015
DA
SÉRIE “RECORDAR É VIVER”
Choca
ver Lula cobrar de Dilma e do ministro da Justiça que a Polícia Federal o deixe
em paz e aos seus filhos, suspeitos de envolvimento com negócios mal
explicados?
Se
choca é porque você definitivamente não conhece Lula.
Quando
completou 18 anos e foi alistar-se para servir ao Exército, ele declarou ser
dois centímetros mais alto do que era. Por quê? Simples: porque nunca gostou de
ser baixinho.
Em
um sábado de 2005, ameaçado por Marcos Valério, o operador do mensalão, que
prometia contar o que escondia se não fosse socorrido, Lula falou em renunciar
à presidência da República.
Convocado
para apagar o incêndio, o então ministro José Dirceu, que passava o fim de
semana em São Paulo, lá se foi convencer Valério a permanecer calado.
Conseguiu.
Diante
de pesquisas que mostravam a queda de sua popularidade, Lula ocupou uma cadeia
de televisão e de rádio para pedir desculpas ao país pelo mensalão.
Nervoso,
leu folha por folha do discurso olhando com frequência para o alto, sinal
convincente de que mentia, segundo estudiosos de linguagem corporal. Jurou
inocência. Disse que fora traído. Mas não apontou os traidores.
Às
vésperas do julgamento dos mensaleiros, voou à Brasília para pedir a ministros
do Supremo Tribunal Federal (STF) que os absolvessem.
“Não
cobrem coerência de Lula. Tampouco que diga a verdade.
A
vida inteira ele só pensou em se dar bem”
A
um deles, Gilmar Mendes, antecipou como alguns dos seus colegas prometiam
votar. E se ofereceu para interceder por Gilmar que estava sendo alvo dentro do
Congresso de histórias inventadas para macular sua honra.
Gilmar
sabia com quem lidava. Em visita ao Palácio do Planalto, tão logo Lula começara
a governar, o ministro soube que um procurador da Fazenda, no Rio, criava
dificuldades para a construção de uma obra da Petrobras.
Gilmar
ouviu o conselho dado por Lula a José Sérgio Gabrielli, presidente da empresa:
“Grampeie esse cara”. Grampo é crime. Só
não é se autorizado pela Justiça.
Para
escapar do mensalão, Lula entregou a cabeça de José Dirceu, o coordenador de
sua campanha vitoriosa de 2002. Apesar do lobby que fez por eles, os
mensaleiros acabaram condenados.
Desde
então, Lula insiste em afirmar que o mensalão jamais existiu. Coisa de maluco?
De excêntrico? De esperto? Coisa de gente sem compromisso com o que disse, diz
ou dirá um dia.
Não
cobrem coerência de Lula. Tampouco que diga a verdade. A vida inteira ele só
pensou em se dar bem.
Carismático,
talentoso manipulador de palavras e de pessoas, sempre encontrou quem lhe
fizesse as vontades. E se esbarrava em alguém disposto a contrariá-lo, dava um
jeito e se livrava dele.
Sabe
falar grosso com quem pretenda intimidar. Ou miar se for o caso. Na campanha de
2002, quando enfrentou José Serra, miou.
Correu
a informação de que o PSDB exibiria no seu programa de TV um vídeo onde Lula se
divertia numa boate em Manaus.
José
Dirceu telefonou ao presidente Fernando Henrique duas vezes, perguntando se era
verdade. Despachou de Brasília o ex-deputado Sigmaringa Seixas ao encontro de
Serra, em São Paulo. Era lenda.
Pelas
costas de Dilma, Lula tem falado mal dela. Culpa-a pelo cerco que sofre da
Polícia. Na frente de Dilma, mia. Suplica por ajuda.
Ele
não vê nada demais no enriquecimento de parentes enquanto governava o país. Nem
vê nada demais em ter-se tornado um milionário à custa de empresas que
beneficiou como presidente.
Lula
não é imoral, longe disso. É amoral – nem contrário nem conforme à moral.
Nenhum comentário:
Postar um comentário