RICARDO NOBLAT http://noblat.oglobo.globo.com/ |
O IMPEACHMENT DE DILMA ESTÁ
CONSUMADO
(Por Ricardo Noblat) Era necessário um mínimo de 54 votos
para que o Senado admitisse a abertura do processo de impeachment contra a
presidente Dilma Rousseff por crime de responsabilidade. O placar foi 55 a 22.
O voto de
metade mais um dos senadores presentes à sessão (maioria simples) bastava para
que o Senado aprovasse o parecer que recomendava o julgamento final da
presidente afastada.
Os 81
senadores compareceram à sessão. Um não votou – Renan Calheiros (PMDB-AL),
presidente do Senado. Na madrugada de hoje, o parecer foi aprovado por 59 votos
contra 21.
O governo
do presidente interino Michel Temer conseguiu quatro votos a mais para
livrar-se em definitivo da sombra de Dilma. A presidente afastada perdeu um dos
votos que conseguira para derrotar o impeachment.
O
julgamento de Dilma deverá durar cinco dias e estar concluído antes do fim
deste mês. Mas só o imprevisível será capaz de reescrever o desfecho desenhado
por tudo o que aconteceu até aqui no Senado.
O governo
chegou a imaginar que o relatório favorável ao julgamento seria aprovado com 60
votos. Mesmo assim, depois de ontem é possível que Dilma seja afinal cassada
com 60 ou 61 votos.
Ela pouco
ou nada fez nos últimos três meses para tentar derrotar o impeachment. Não
procurou senadores atrás de votos. Não levou em conta as sugestões que lhe foram
dadas por senadores que se diziam indecisos.
Limitou-se
a conceder entrevistas denunciando o “golpe”. E a discursar se dizendo vítima
de um “golpe”. Amanhã, divulgará uma carta defendendo a realização de um
plebiscito sobre a eleição, já, de um novo presidente.
A carta
dará em nada, e Dilma sabe disso. Nem o PT apoia a ideia do plebiscito. A
iniciativa inócua tem a ver, porém, com a farsa sobre o retorno de Dilma ao
poder encenada por ela e seus poucos adeptos.
Por mais
irônico que possa parecer, só resta a Dilma torcer para que a Lava-Jato detone
rapidinho um míssil capaz de pulverizar para sempre o governo do presidente
interino.
Nem assim
ela voltaria por falta de apoio. Teria apenas o prazer de não se ver sucedida
por aquele a quem acusa de ter tramado sua queda.
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