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Deolinda
– único símbolo sexual da Vila Invernada – não conteve o espanto:
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Gente: não acredito no que estou vendo. Olha só quem vem lá: Romualdo Bastos e o
chato do irmão dele. Romualdo pintou os cabelos de preto, da cor das asas da
graúna. O irmão colocou peruca – disse a moça de seios fartos e decote generoso
a seus dois companheiros de mesa: Velho Marinheiro e Ananias.
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Barbaridade. Perderam o senso de ridículo. Estão pedindo para, como diz a
moçada, serem zoados – limitou-se a dizer nosso Lobo do Mar.
Ananias
– adepto dos panos quentes – tentou justificar o injustificável:
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Eles sempre foram vaidosos.
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Ananias: isso não é vaidade, é coisa de boiola – retrucou o Velho Marinheiro,
com a concordância imediata de Deolinda. Vaidade é o sujeito andar limpo, de
cabelos cortados, com uma roupinha mais ou menos. Você já viu alguma peruca que
preste? Imagine eu, que tenho os cabelos brancos, chegar aqui de cabelos pretos,
feito urubu. Francamente. O irmão do Romualdo ficou a cara do Zacarias.
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Zacarias?
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Aquele humorista, dos Trapalhões.
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É meio estranho, sim.
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Meio estranho uma ova. Há anos, eu estava com Mafalda e minha neta num hotel em
Serra Negra. Estávamos na piscina, quando chegou uma turma já meio tocada pela
uca. O mais tolo de todos era um velho barrigudo, arrogante e peruqueiro.
Continuaram bebendo. Depois, sempre falando alto, pularam na piscina. A peruca
do homem se soltou. Então, começaram a jogá-la de um lado para outro. De mão em
mão. E o velho puto. E mais puto ele ficou quando vários hóspedes, que não eram
da família, resolveram aderir à farra. A peruca parecia peteca. Não esquentava
a mão de ninguém
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Que vexame. E aí? – quis saber Deolinda.
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Aí que, passado o efeito da cachaça, o velho peruqueiro ficou o feriado prolongado dentro
do apartamento, trancado, cheio de vergonha. De lá não saía nem para fazer as
refeições. Durante quatro dias, foi o assunto do hotel. Bem feito. (OS)
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