quarta-feira, 17 de agosto de 2016

O CANTO DE VÓLIA


VEJO-TE

Vejo-te nas sombras do luar
Que bruxuleiam na parede insone do meu quarto.
Adivinho o teu cheiro,
A cor do teu cabelo,
Sinto o teu toque suave,
Como um leve roçar
Que o vento pousa arrepiando-me a pele.

Vejo-te nas gentes que passam
Nas ruas confusas de suor e trânsito.
Adivinho o som da tua voz
A me chamar,
A me contar um conto,
A me cantar um canto,
A me encantar...
Quando vens ao meu ouvido sussurrar.

Vejo-te na tarde morna,
Que traz a preguiça e amolenta o corpo,
Adivinho-te o desejo
A querer meu beijo,
A deitar na rede querendo aconchego
Em doce molejo.
E os teus olhos de mar querendo me desnudar.

Vejo-te na chuva que cai
E escorre pela vidraça como lágrimas de saudade,
Adivinho-te o sonho,
De querer voltar,
De querer ficar,
Mas a chuva é fugaz como o sonho...

E eu me deixo sonhar,
Por pouco tempo,
Apenas pelo tempo em que pingar a chuva,
Pensando no grande amor,
Que por um tempo me encantou,
Por um momento me embriagou,
Mas que foi um vinho nunca bebido.

***
Vólia Loureiro do Amaral Lima é paraibana,
 engenheira civil, poetisa, romancista e artista plástica. 
Autora das obras Aos Que Ainda Sonham (Poesia) 
e Onde As Paralelas Se Encontram (Romance). 
Acaba de lançar seu segundo livro de poesias:
As Rosas que Nascem no Asfalto.


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