ALPINO |
LULA
PERDEU O CONTROLE
SOBRE SEU
FUTURO ELEITORAL
Blog
do Josias – 27/08/2016 – 05:01
(Por
Josias de Souza)
Lula prevê que viverá dias turbulentos. Indiciado pela Polícia Federal sob a
acusação de receber R$ 2,4 milhões em “vantagens ilícitas” da empreiteira OAS,
ele dá de barato que será denunciado pela força-tarefa da Lava Jato. De
passagem por Brasília, nesta sexta-feira, disse a um amigo não ter dúvidas de
que o juiz Sérgio Moro acatará a denúncia, convertendo-o em réu. Em conversa
com o blog, o amigo de Lula resumiu assim o drama que o atormenta: “Ele está
deixando de ser dono do seu destino político, a situação foge do seu controle”.
Após reunir-se com Dilma Rousseff no Palácio da
Alvorada, Lula conversou com um grupo de senadores petistas no hangar em que
tomaria o jatinho de volta para São Paulo. Foram encontrá-lo, Jorge Viana (AC),
Humberto Costa (PE), Paulo Rocha (PA) e José Pimentel (CE). Na definição de um
dos congressistas, a notícia sobre o indiciamento deixou Lula “baqueado”. Ele
estranhou que a divulgação tenha ocorrido às vésperas da deposição de Dilma.
Exergou na novidade uma motivação política. Irritou-se com a inclusão de sua
mulher, Marisa Letícia, no rol de indiciados.
As críticas de Lula à ação da Polícia Federal
ecoaram uma nota divulgada por seus advogados. Nela, os doutores Cristiano
Zanin Martins e Roberto Teixeira repudiaram as acusações do delegado federal
Márcio Adriano Anselmo, responsável pelo inquérito sobre o tríplex do Guarujá.
Eles repisaram o argumento segundo o qual o imóvel não pertence a Lula, mas à
própria OAS. Anotaram que o relatório do delegado tem “caráter e c conotação
políticos”. Apelidaram-no de “peça de ficção.”
A guerra retórica que Lula e seus defensores
declararam à Polícia Federal está crivada de ironias. O morubixaba do PT sempre
se vangloriou da autonomia que a polícia adquiriu durante o seu governo. Em
dezembro de 2014, discursando numa homenagem ao ex-ministro da Justiça Márcio
Thomaz Bastos, que havia morrido, Lula enalteceu a transformação que o amigo
produzira no Departamento de Polícia Federal.
Sob o comando de Thomaz Bastos, “a ação da
Polícia Federal alcançou indistintamente ministros e ex-ministros, prefeitos e
deputados de diversos partidos, inclusive dos que apoiavam o governo”,
dircursou Lula. Nessa época, ele trazia os lábios grudados no trombone: “O
braço da lei, por meio da polícia judiciária, passou a alcançar os ricos e
poderosos.” Alvejado, Lula parece lamenter que a PF tenha ampliado seu raio de
ação para o nível presidencial.
JOSIAS DE SOUZA |
Correm na ‘República de Curitiba’ pelo menos
mais dois inquéritos contra o pajé do PT. Um deles, já em estágio avançado,
envolve o sítio de Atibaia, usado por Lula e reformado por um consórcio
informal que incluiu uma empresa do companheiro-pecuarista José Carlos Bumlai a
Odebrecht e a OAS. É contra esse pano de fundo que o amigo de Lula disse que
ele “está deixando de ser dono do seu destino político.” Ele continua
insinuando que, se o perturbarem muito, disputará novamente o Planalto. O
problema é que seus direitos políticos passaram a depender da Justiça.
Se Lula for condenado em segunda instância,
ficará inelegível por oito anos. Ou seja: o controle sobre o futuro eleitoral
da única liderança nacional do PT foi transferido para a mesa de Sérgio Moro e
para o Tribunal Regional Federal da 4a. Região, que julga em segundo grau os
recursos movidos contra sentenças do juiz da Lava Jato.
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