FOTOGRAFIAS: CLÓVIS CAMPÊLO |
É SAL, É SOL, É
ZONA SUL!
(Por Clóvis
Campêlo) É sal, é sol, é zona sul! Salve os dias de
domingo na terra dos altos coqueiros! Salve o soberbo estendal! Salve as linhas
tortas da Natureza e os ângulos retos da arquitetura do Homem.
Salve o azul da zona sul, local onde cabem todas as cores.
No domingo, aliás, todos os caminhos levam à praia, espaço
democrático e popular onde o lazer impera. Domingo é sempre dia de lazer, de
grandes caminhadas. Dia de legítimas pedaladas, a bicicleta servindo de meio de
transporte para a diversão ou para o trabalho. Nada de impedimentos.
O Recife, espremido entre Olinda e Jaboatão dos Guararapes, possuí
apenas as praias do Pina e Boa Viagem, e de lambuja, a pequena praia do Buraco
da Velha, pequeno paraíso no final do bairro de Brasília Teimosa. Nessa faixa
de areia estreita e comprida, aporta o povo da cidade maurícia em busca da luz
do sol e do prazer de estar em contato direto com fatores produtores de
endorfinas e serotoninas, da melanina e do bronzeado.
Sobreviventes às influências conservadoras de portugueses e
ingleses, os donos dos grilhões que nos forjaram, talvez tenhamos sido salvos
pelo proximidade do mar. Na praia, onde nenhuma nudez deverá ser castigada,
despojamo-nos dos ranços introspectivos e nos transformamos em seres do sal e
do sol, uma nova escultura cultural feita sem ódios e sem medos. Na praia, só
nos resta sermos livres. Com a graça de Deus.
E se o mar nos refresca por fora, em banhos transcendentais de sódio
e iodo, os coqueiros nossos de cada dia nos fornecem o potássio da água de coco
para nos recompor os líquidos e os humores. Somos felizes. Sejamos felizes sob
a linha do equador, onde não existe pecado.
O Recife, que já foi uma cidade pequena e decente, hoje, sob o calor
ardente das suas praias, transformou-se numa metrópole moderna e cosmopolita,
onde a tradição mistura-se com a contemporaneidade.
Para mim, felicidade é estar nesse ambiente iluminado e azul,
construído e abençoado por Deus e, em parte, pelos sonhos nem sempre justos dos
homens. E que a felicidade aqui não tenha fim, como na canção do poeta.
Enquanto houver mar, sol e azul, só nos restará viver a vida com prazer.
Se duvidares disso, caia na estrada e perigas ver! (Recife, julho 2016)
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