sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

AS CHARGES DO DIA




Temer lanca pacote de natal para tentar agradar trabahadores e classe média
AMARILDO

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SPONHOLZ



DUKE - O TEMPO (MG)


Charge (Foto: Chico Caruso)
CHICO CARUSO



PAIXÃO - GAZETA DO POVO (PR)


Charge do dia 23/12/2016
RONALDO - JORNAL DO COMMERCIO (PE)



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ALPINO



POLÍTICA/OPINIÃO: AUGUSTO NUNES

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LULA; PRESIDENTE DE HONRA E DE FATO DO CLUBE DOS CAFAJESTES

O DIREITO DE AMPLA DEFESA
NÃO INCLUI A LICENÇA PARA MENTIR

O jogo sujo dos bacharéis do Instituto Lula consolidou
a certeza de que falta alguém em Curitiba

POR AUGUSTO NUNES
BLOG DO AUGUSTO NUNES
22/12/2016 | 19h17

Os advogados de Lula destacados para combater a Lava Jato na frente curitibana são capazes de ver com nitidez assombros inacessíveis ao olhar dos seres normais. Eles conseguem enxergar, por exemplo, a luz da compaixão na face oculta de um degolador do Estado Islâmico. Ou traços de doçura e tolerância na alma de um black-bloc. Ou, ainda, a marca da clemência no coração de um estuprador compulsivo. Em contrapartida, não conseguem enxergar os limites da desfaçatez, nem a linha divisória onde acaba a veemência e começa a boçalidade. É natural que gente assim imagine que o direito de ampla defesa inclui a licença para mentir.

Heráclito Fontoura Sobral Pinto ensinou que o advogado é o primeiro juiz da causa. Se o cliente matou alguém, o doutor que o defende não pode negar a existência do homicídio — tampouco alegar que o autor do crime, ao atirar no peito da vítima, no fundo pretendia explodir a própria testa. O papel reservado a advogados éticos, explicou o grande jurista, é a apresentação de atenuantes que abrandem a pena e, caso tornem justificável o assassinato, livrem o cliente da prisão. Os que exterminam a verdade não são mais que rábulas dispostos a tudo para impedir que se faça justiça. A essa linhagem pertencem os doutores a serviço do ex-presidente metido (por enquanto) em cinco casos de polícia.

Ainda bem que Sobral Pinto não viveu para ver o Brasil degradado e envilecido por 13 anos de hegemonia do clube dos cafajestes. Certamente seria tratado como otário pela turma que se orienta nos tribunais pelo primeiro mandamento de todas as ramificações da imensa tribo dos canalhas: os fins justificam os meios. Manter Lula fora da gaiola é o fim que justifica mentiras, mistificações, chicanas, vigarices e todos os golpes abaixo da cintura do juiz Sérgio Moro. O vale-tudo repulsivo, tramado há poucas semanas num jantar que reuniu sacerdotes da seita que tem como único deus o celebrante de missas negras, tem sido escancarado nas audiências presididas pelo magistrado que personifica a Lava Jato.

Os bucaneiros escalados para o fuzilamento da lei, da ética, da moral e dos bons costumes interrompem falas dos representantes do Ministério Público, dirigem-se aos gritos a Moro e, a cada dois minutos, exigem a submissão do juiz às quatro palavras mágicas: direito de ampla defesa. Conversa fiada. O pelotão dos data vênia sonha com a voz de prisão por desacato à autoridade que até agora não ouviu. Nem ouvirá, avisa quem conhece o alvo das provocações. Desprovido de argumentos, desculpas, pretextos ou explicações minimamente aceitáveis, que amparassem ao menos a montagem de um simulacro de defesa, Lula merece a presidência de honra do Movimento dos Sem-Álibi.

Uma a uma, as invencionices foram demolidas por provas e evidências contundentes. Lula se fantasiou de perseguido político. Sítios e apartamentos o devolveram à condição de criminoso comum. Fez-se de vítima de rancores de Moro. Virou réu em vários processos por decisão de outros magistrados. Denunciou uma trama arquitetada para liquidar o PT. A maluquice ruiu com as baixas feitas pela Lava Jato no PMDB e com a entrada de políticos do PSDB no pântano do Petrolão. A adoção da estratégia do jogo sujo só serviu para consolidar a certeza de que falta alguém em Curitiba.


Quem age assim não merece o benefício da dúvida. Nem precisa de julgamento: no Brasil democrático, nenhum inocente jamais fugiu do juiz.

CHARGE: ROQUE SPONHOLZ

quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

IMAGENS: RENOIR




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O francês Pierre-Auguste Renoir (1841 – 1919)
foi um dos maiores pintores impressionistas,
mestre em fixar em suas telas
a luz, o brilho e a beleza das coisas.

***

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Tentou driblar a solidão, a catarata e os problemas cardíaco-pulmonares com doses generosas de destilados. À noite, em casa, passava horas olhando o revólver que jamais usara. Um dia, vestiu-se com certo esmero, lustrou os sapatos e saiu... Por Orlando Silveira
http://orlandosilveira1956.blogspot.com.br/2016/12/quase-historias-fe-miuda.html#comment-form

CARICATURAS: LUIS TRIMANO




ELZA SOARES
EXPOSIÇÃO FACES (1990)




MINISTRO DELFIM NETO
JORNAL OPINIÃO (1972/1973)




ALBERT EINSTEIN
REVISTA CIÊNCIA HOJE (1985)



ARTHUR MILLER
JORNAL OPINIÃO (1972/1973)



BADEN POWELL
EXPOSIÇÃO "MÚSICOS BRASILEIROS" (1970)



EDGARD ALLAN POE
REVISTA VEJA (1968/1969)




ITAMAR ASSUMPÇÃO 
O ESTADO DE S. PAULO (1988)



ERNEST HEMINGWAY
EXPOSIÇÃO CARETAS - 1980



ADEMIR DA GUIA
JORNAL OPINIÃO - 1972



JÂNIO QUADROS
REVISTA VEJA - 1968



THOMAS KOCH
O ESTADO DE S. PAULO - 1970



RIVELINO
JORNAL DA TARDE - 1970




DONGA
ABRIL CULTURAL - 1972





Nascido em Buenos Aires, em 1943, Luis Trimano, é ilustrador, caricaturista e gravurista. Em 1968, migrou para São Paulo, onde atuou como caricaturista e ilustrador nos principais jornais diários e veículos da imprensa alternativa.  Em 1974, mudou-se para o Rio de Janeiro, quando passou a trabalhar para Jornal do Brasil, O Globo, Última Hora, Tribuna da Imprensa e Pasquim, entre outras publicações.

Trimano viveu intensamente os duros anos de ditadura militar tanto no Brasil quanto na Argentina. A principal característica do seu estilo é a combinação de desenho em nanquim com colagem. Influenciou vários caricaturistas, como Cássio Loredano, Lula, Paulo Cavalcante e Glauco Cruz, entre outros.

Em 1997, a Editora Relume Dumará publicou o livro "Trimano, Desenhos e Ilustrações".

Fonte: WIKIPÉDIA



(agosto/2015)

POLÍTICA/OPINIÃO: AUGUSTO NUNES

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LULA, O INCORRIGÍVEL (FOTO: VEJA/ABRIL)

SANATÓRIO GERAL


NÃO TEM JEITO

“Eles têm que saber que, se eu voltar, eu vou fazer o mesmo!” (Lula, em entrevista à emissora de TV turca TRT World, confirmando que, assim como José Dirceu, é um reincidente irrecuperável.)

EXCESSO DE ÉTICA

“Todos que votaram contra vão receber o aumento mesmo assim. É só pose. Gosta de posar de bonitinho. O que é isso? É hipocrisia. Então, diga agora: voto não, mas também não quero. Por uma questão de postura, eles deveriam fazer isso, né?” (Milton Leite, vereador de São Paulo reeleito pelo DEM, explicando que foi por excesso de ética que aumentou o próprio salário em quase R$ 4 mil enquanto a crise econômica deixa cerca de dois milhões de paulistanos desempregados.)

NO MUNDO DA FANTASIA

“Em sintonia com o sentimento da maioria da população, para recuperar a democracia violentada pelo golpe e para retomar o crescimento econômico com distribuição de renda, geração de empregos e inclusão social, ‘Diretas’ o quanto antes!” (Rui Falcão, presidente do PT, em artigo publicado no site do partido, confirmando que há muito tempo não anda a pé pelas ruas nem embarca sem disfarces num avião de carreira.)

BOA DESCULPA

“Por fim, episódios como este revelam a perseguição sofrida por várias figuras públicas da esquerda brasileira. É uma ação política, uma tentativa explícita de intimidação. Não é a primeira vez que passo por isso, e minha conduta prova: não faço parte do clube de neoliberais, fisiológicos e conservadores que sempre misturaram os seus interesses privados com a coisa pública” (Lindbergh Farias, senador do PT do Rio de Janeiro, ao explicar pelo Facebook que só foi condenado por propaganda política irregular cometida na época em que era prefeito de Nova Iguaçu porque é esquerda.)

BRASIL MARAVILHA

 “O golpe foi feito para que os ricos assumissem o poder no país. Nós fizemos mal ao país quando colocamos o filho do pobre da periferia na universidade e conseguimos fazer com que as crianças parassem de morrer de desnutrição infantil. Se esse é o mal que eu fiz ao Brasil, pode esperar que eu vou continuar fazendo” (Lula, numa discurseira para a direção do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, revelando que a Operação Lava Jato, o desemprego e a crise econômica do Brasil real ainda não chegaram ao Brasil Maravilha que ele registrou no cartório em 2010.)

BOCA MOLE


 “Eu fiquei muito triste. Eu só valia R$ 100 mil, com tudo que eles disseram” (Heráclito Fortes, deputado federal pelo PSB do Piauí, ofendido pela constatação que, além de ter sido apelidado de Boca Mole pela Odebrecht, seu cachê pago pela empresa era inferior ao de Caju, Primo e Caranguejo.)

POLÍTICA/OPINIÃO: CARLOS BRICKMANN

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SÉRGIO MORO (FOTO: ARQUIVO GOOGLE) 

MIRA NO MORO, MORO NA MIRA

Especialistas em Direito comentam que Moro irá até uma eventual
condenação de Lula, mas sem prendê-lo

POR CARLOS BRICKMANN
BLOG DO AUGUSTO NUNES
21/12/2016 – 15H

As táticas da grande batalha estão totalmente definidas: a defesa do ex-presidente Lula acusa o juiz Sérgio Moro de parcialidade (e as acusações são tão constantes que por vezes o tiram do sério, levando-o a bater boca com a defesa); Moro – e outros juízes que examinam o Petrolão – vão preparando o caminho para que, no dia em que alguém determinar a prisão de Lula, já seja uma medida esperada – como foi, por exemplo, a prisão de José Dirceu. Especialistas em Direito comentam que Moro irá até uma eventual condenação de Lula, mas sem prendê-lo. Lula se defenderia em liberdade até que um tribunal de segunda instância rejeitasse seu apelo e, na forma da lei, ordenasse a prisão. Lula é réu em cinco processos. Basta uma condenação em duas instâncias para que seja preso e se torne inelegível.


Esta é a ordem de batalha, que pode mudar conforme os acontecimentos. Uma tentativa de fuga, por exemplo; mas Lula não demonstrou intenção de fugir. Foi a Cuba, com jato fretado e tudo, e voltou para enfrentar os julgamentos. Ou um flagrante de obstrução de investigações. Mas Lula até agora não deu qualquer indício de irregularidade. Ou, de outro lado, uma reação explosiva de Moro às constantes acusações de que age com parcialidade, de que – crime dos crimes! – numa cerimônia pública foi fotografado sorrindo ao lado de Aécio. Isso serviria para tentar considerá-lo suspeito. Mas Moro, até agora, é só profissional. É acompanhar a luta.


Homem forte

O presidente Michel Temer desfruta de forte posição no Congresso – a mais forte desde 1996. Na Câmara, dos 513 deputados, 90 estão na oposição. Dos 81 senadores, a turma do “Fora, Temer” tem 16.

Temer pode implantar tranquilamente seu plano de Governo. Se der certo, mérito seu; se não der, não pode botar a culpa na oposição.


Homens fortes

Um levantamento do Instituto Paraná Pesquisas chegou a um dado preocupante: 35% dos entrevistados são favoráveis a uma intervenção militar provisória. São minoria: 59,2% são contrários à intervenção. Mas é surpreendente perceber que 1/3 dos pesquisados esqueceram que a última intervenção militar “provisória” durou 21 anos. O Estado de S. Paulo, em 1964, queria uma intervenção militar provisória. Os militares teriam poder absoluto por seis meses, fariam as reformas necessárias, e entregariam o poder aos civis. Acontece que, quando chega ao poder, ninguém gosta de entregá-lo. Os militares descobriram que era mais fácil governar com o Congresso, na base do toma lá – dá cá, ainda mais com os congressistas amedrontados. Experimentaram mordomias e viram que era bom. Retirá-los foi difícil. E o próprio general Eduardo Villas Bôas, comandante do Exército, já se manifestou contra qualquer intervenção militar no Governo.


Honra fraca

A Folha de S. Paulo publicou nesta terça, 20, uma reportagem que merece ser guardada por quem queira entender o Brasil: duas medidas provisórias compradas por R$ 16,9 milhões renderam à Odebrecht R$ 8,4 bilhões. O cálculo é de Cláudio Melo Filho, alto funcionário da Odebrecht especializado em compras, primeiro grande delator premiado da empresa. Claro, houve outras compras, mas essas são um belo exemplo: como era barato aprovar medidas legais que dão a uma empresa, ou a um setor, lucros substanciosos, muito superiores aos gastos que exigiram.

Como diz um antigo provérbio, quem se vende por dinheiro se vende por muito pouco.


Dois detalhes

1 – Em seu acordo de leniência, a Odebrecht se comprometeu a pagar (em suaves prestações) a multa de R$ 6 bilhões. Ou seja, menos do que obteve apenas com a compra de duas medidas provisórias.

2 – A Braskem, cujo controle acionário pertence à  Odebrecht, pagará de multa, por seu acordo de leniência, R$ 3,1 bilhões.

O controle acionário é da Odebrecht, mas a Braskem tem outros sócios, que pagarão sua parte na multa, na proporção de suas ações. Uma grande sócia da Braskem é a Petrobras. Também vai morrer com algum.


Todos juntos, vamos

O político baiano Octavio Mangabeira costumava dizer que, por mais que um fato parecesse estranho, tinha precedente na Bahia. Em termos políticos, o Paraná também tem suas peculiaridades. Por exemplo, só no Paraná se imagina a homenagem conjunta aos tucanos Fernando Henrique e Geraldo Alckmin e ao petista Jorge Samek, diretor-geral de Itaipu, um dos mais emblemáticos altos funcionários a sobreviver à queda do PT. Na segunda-feira, comemorando os 163 anos de emancipação política do Paraná, os três receberam a Ordem Estadual do Pinheiro, concedida pelo governador tucano Beto Richa. Numa boa, sem brigas, só sorrisos.


AS CHARGES DO DIA






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SPONHOLZ


PAIXÃO - GAZETA DO POVO (PR)


Lula susto saia com as maos para cima marisa tv vendo filme policial sofa porta aberta delacao reu prisao
AMARILDO



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ALPINO


Charge (Foto: Chico Caruso)
CHICO CARUSO - O GLOBO


Charge do dia 22/12/2016
MIGUEL - JORNAL DO COMMERCIO (PE)



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SPONHOLZ


DUKE - O TEMPO (MG)


quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

CHÁ DAS CINCO: ASCENSO FERREIRA

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GOOGLE

MINHA ESCOLA

A escola que eu frequentava era cheia de grades como as prisões.
E o meu Mestre, carrancudo como um dicionário;
Complicado como as Matemáticas;
Inacessível como Os Lusíadas de Camões!

À sua porta eu estava sempre hesitante...
De um lado a vida... — A minha adorável vida de criança:
Pinhões... Papagaios... Carreiras ao sol...
Vôos de trapézio à sombra da mangueira!
Saltos da ingazeira pra dentro do rio...
Jogos de castanhas...
— O meu engenho de barro de fazer mel!

Do outro lado, aquela tortura:
"As armas e os barões assinalados!"
— Quantas orações?
— Qual é o maior rio da China?
— A 2 + 2 A B = quanto?
— Que é curvilíneo, convexo?
— Menino, venha dar sua lição de retórica!
— "Eu começo, atenienses, invocando
a proteção dos deuses do Olimpo
para os destinos da Grécia!"
— Muito bem! Isto é do grande Demóstenes!
— Agora, a de francês:
— "Quand le christianisme avait apparu sur la terre..."
— Basta
— Hoje temos sabatina...
— O argumento é a bolo!
— Qual é a distância da Terra ao Sol?
— ?!!
— Não sabe? Passe a mão à palmatória!
— Bem, amanhã quero isso de cor...

Felizmente, à boca da noite,
eu tinha uma velha que me contava histórias...
Lindas histórias do reino da Mãe-d'Água...
E me ensinava a tomar a bênção à lua nova.

***

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Pernambucano, Ascenso Ferreira (1895-1965) foi poeta e folclorista. Sua poesia é considerada um dos marcos do Modernismo brasileiro. Suas obras: Catimbó, 1927; Cana Caiana, 1939; Xenhenhém, 1951; Poemas, 1951 (reunindo os três livros); O Maracatu, 1986, póstuma; Presépios e pastoris, 1986, póstuma; Bumba Meu Boi, 1986, póstuma.




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Que dizer, então, das simpatias? Calcinhas brancas para ter paz; amarelas para ter dinheiro. E por aí vai. Suponho que as devassas, por coerentes e pragmáticas, não usem calcinha alguma. Por Orlando Silveira
 
http://orlandosilveira1956.blogspot.com.br/2016/12/quase-historias-tempo-de-despertar.html#comment-form

CRÔNICA: WALCYR CARRASCO



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AQUI JAZ UM POLÍTICO (FOTO: ARQUIVO GOOGLE)



PERUS E POLÍTICOS

Nem um autor como eu poderia imaginar todas as tramoias
políticas destes últimos meses

POR WALCYR CARRASCO
REVISTA ÉPOCA ON-LINE
20/12/2016 | 15h13

Ouvi falar que os perus estão preparando uma manifestação na Avenida Paulista, contra o Natal. Ou uma pós-Natal, contra o abate indiscriminado de seus pares. Mais ou menos como aconteceu com os petistas em relação aos cargos comissionados logo após o início do governo Temer. Ou como ocorre com ex-ministros e coligados despencados dos cargos após denúncias irrefutáveis. Rebelam-se e prometem não votar qualquer coisa que interesse ao governo. Esquecendo-se de que foram eleitos não numa espécie de Mega Sena política, para ganhar apartamentos e afins, mas para melhorar o país. Ahn? Ah, bom, não disseram que país. Muitos países devem ter melhorado com esse dinheiro farto que correu para os bolsos dos vencedores da Mega Sena. Em Miami, por exemplo, o mercado imobiliário cresceu com a venda de apartamentos de altíssimo luxo. Em Paris, também. Oi? Era aqui? Ui!

Por incrível que pareça, eu quase fiz uma peça infantil sobre a revolta dos perus contra o Natal. Tinha 17 anos, e ensaiamos a peça alguns meses. Era profissional, sim. Eu seria um pintinho. Na época era magro e não corria o risco de ser confundido com o peru como hoje. Nunca estreamos. A produtora e autora foi presa pelo governo militar, por motivos políticos. Nada a ver com a peça, penso eu. Embora perus em revolta tenham algo contra a ordem estabelecida. Talvez tenha sido uma sorte. A peça, olhando assim à distância, era horrível. E não gostaria de ter na minha biografia uma peça fazendo piu-piu. O ano passou depressa. Juro! Nem um autor de novelas de fértil imaginação como eu poderia imaginar todas as tramoias políticas destes últimos meses. E tanta lavagem de roupa suja. Inclusive, se eu tivesse escrito uma novela assim, ninguém teria aprovado. Por falta de nexo.

Há dois lados da questão, sempre. Por exemplo, o impeachment. Ou golpe? Vamos supor uma outra realidade. Se o país estivesse às mil maravilhas, com um crescimento econômico absurdo e Dilma lançando um programa tipo bolsas Louis Vuitton para as companheiras da classe trabalhadora, de tanta largueza, haveria impeachment? Aquela raspada fiscal nem seria comentada, a não ser por adversários ferrenhos. Mas a situação econômica chegou ao limite. Em situações assim, governos caem. No extremo, até pegaram Maria Antonieta, que era uma rainha com sangue divino. Sangue divino ou não, guilhotina! Olha que estamos muito longe de uma Revolução Francesa, que afinal tinha seus idealistas. Já nós... Eu só quis explicar de maneira prática o que penso. Mas aí me pergunto: do que adianta pensar? Os políticos não dão nem mesmo satisfações sobre o que fazem com nosso dinheiro. Basta ir à Zona Sul de São Paulo. Instalaram-se gigantescos pilares para construir um monotrilho, que destruiu a paisagem. Horrendo. O metrô teria sido a solução moderna e eficaz. Sabe-se lá por que (é melhor nem perguntar muito por quê) preferiu-se o monotrilho. Obra do Estado. Abandonada há um bom tempo. Estão lá os pilares, enfeiando a cidade. Ninguém dá a menor satisfação sobre a obra. Minha proposta é chamar grafiteiros e transformar os pilares abandonados em uma exposição permanente de arte. Há um outro lado da questão, sempre há. Falta de verbas etc. Se não havia verbas, por que começaram? Esta é uma revista nacional. Falei de São Paulo, onde moro. Olhe em torno. Sempre haverá uma obra inacabada perto de você. Eu, se prometo alguma coisa e não cumpro, pelo menos peço desculpas, dou meus motivos. Eles, não. Agem como se não tivessem nada a ver com isso.

De uma em uma chegamos ao fim do ano com os políticos como candidatos a perus de Natal. São eles os assados nas conversas. Nos ânimos. A prova: o vencedor nas urnas em São Paulo, João Doria, fez uma campanha dizendo que não é político. Ganhou em primeiro turno. Embora candidatar-se em si já seja um gesto político, mas enfim... Surgem movimentos onde os líderes não querem se candidatar. Mas protestar, denunciar. Políticos são presos. E se descobrem coisas, sim, dignas de Maria Antonieta, como a ex-primeira-dama que botava colar e brinco no valor de R$ 1 milhão. A voz surda das ruas clama: ninguém quer políticos, embora alguém deva tomar conta de tudo isto aqui.

Assim como os perus, a safra de políticos se renova sempre. E todos fazem glu-glu. Essa questão tem um lado só. Comemoramos este Natal com um peru na mesa e vários políticos no xilindró. Algo mudou. Falta aos políticos perceber.


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Perdão pela franqueza: foi um desprazer revê-lo após tantos anos. Boa sorte. A despesa fica por minha conta. Tchau. Por Orlando Silveira
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CHÁ DAS CINCO: BANDEIRA

EVOCAÇÃO DO RECIFE

www.observatoriodorecife.org.br

Recife
Não a Veneza americana
Não a Mauritsstad dos armadores das Índias Ocidentais
Não o Recife dos Mascates
Nem mesmo o Recife que aprendi a amar depois
- Recife das revoluções libertárias
Mas o Recife sem história nem literatura
Recife sem mais nada
Recife da minha infância
A rua da União onde eu brincava de chicote-queimado
e partia as vidraças da casa de dona Aninha Viegas
Totônio Rodrigues era muito velho e botava o pincenê
na ponta do nariz
Depois do jantar as famílias tomavam a calçada com cadeiras
mexericos namoros risadas
A gente brincava no meio da rua
Os meninos gritavam:
Coelho sai!
Não sai!
A distância as vozes macias das meninas politonavam:
Roseira dá-me uma rosa
Craveiro dá-me um botão
(Dessas rosas muita rosa
Terá morrido em botão...)
De repente
nos longos da noite
um sino
Uma pessoa grande dizia:
Fogo em Santo Antônio!
Outra contrariava: São José!
Totônio Rodrigues achava sempre que era são José.
Os homens punham o chapéu saíam fumando
E eu tinha raiva de ser menino porque não podia ir ver o fogo.
Rua da União...
Como eram lindos os montes das ruas da minha infância
Rua do Sol
(Tenho medo que hoje se chame de dr. Fulano de Tal)
Atrás de casa ficava a Rua da Saudade...
...onde se ia fumar escondido
Do lado de lá era o cais da Rua da Aurora...
...onde se ia pescar escondido
Capiberibe
- Capiberibe
Lá longe o sertãozinho de Caxangá
Banheiros de palha
Um dia eu vi uma moça nuinha no banho
Fiquei parado o coração batendo
Ela se riu
Foi o meu primeiro alumbramento
Cheia! As cheias! Barro boi morto árvores destroços redemoinho sumiu
E nos pegões da ponte do trem de ferro
os caboclos destemidos em jangadas de bananeiras
Novenas
Cavalhadas
E eu me deitei no colo da menina e ela começou
a passar a mão nos meus cabelos
Capiberibe
- Capiberibe
Rua da União onde todas as tardes passava a preta das bananas
Com o xale vistoso de pano da Costa
E o vendedor de roletes de cana
O de amendoim
que se chamava midubim e não era torrado era cozido
Me lembro de todos os pregões:
Ovos frescos e baratos
Dez ovos por uma pataca
Foi há muito tempo...
A vida não me chegava pelos jornais nem pelos livros
Vinha da boca do povo na língua errada do povo
Língua certa do povo
Porque ele é que fala gostoso o português do Brasil
Ao passo que nós
O que fazemos
É macaquear
A sintaxe lusíada
A vida com uma porção de coisas que eu não entendia bem
Terras que não sabia onde ficavam
Recife...
Rua da União...
A casa de meu avô...
Nunca pensei que ela acabasse!
Tudo lá parecia impregnado de eternidade
Recife...
Meu avô morto.
Recife morto, Recife bom, Recife brasileiro
como a casa de meu avô.

BANDEIRA: POR FRAGA

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-- A senhora não vai melhorar mesmo. Mas quer piorar ainda mais? Já não basta o trabalho que está dando? Francamente. Há dez anos, desde que a senhora veio pra cá, ninguém tem vida nessa casa... Por Orlando Silveira
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