FOTO: ARQUIVO GOOGLE |
O SUICÍDIO DE AÉCIO
O senador mineiro pulverizou em pouco tempo um capital político
que bem administrado poderia transformá-lo no candidato favorito
a vencer a sucessão de Temer
Por Ricardo Noblat
http://noblat.oglobo.globo.com
10/11/2017 - 08h02
Só o desespero ou a inexperiência política seria capaz de explicar
erro tão desastroso como o cometido, ontem, pelo senador Aécio Neves (MG) ao
reassumir a presidência do PSDB para dela afastar Tasso Jereissati (CE), o
presidente interino por ele mesmo empossado.
Experiência política Aécio tem de sobra. Acumulou-a passando da
condição de neto e de secretário particular do avô Tancredo Neves a de deputado
federal, depois a de presidente da Câmara, mais tarde a de governador por duas
vezes de Minas Gerais, e por último a de senador.
Resta o desespero. Só ele pode explicar o que fez Aécio. O desespero
de quem pulverizou em pouco tempo um capital político que bem administrado
poderia ter feito do seu dono o candidato favorito a vencer a sucessão de
Temerl. O desespero de quem pouco aprendeu com a vida.
Falta menos de um mês para que o PSDB eleja seu novo presidente. De
maio para cá, enquanto Aécio se ocupava em recuperar o mandato e a liberdade
temporariamente suspensos, Jereissati deu um jeito de injetar novo ânimo em um
partido gravemente ameaçado de soçobrar.
Para isso, admitiu erros que o PSDB cometeu, defendeu que ele
abandonasse a companhia do presidente mais impopular da história do país, e
acenou com novas propostas de governança interna. Credenciou-se assim para ser
lançado candidato à sucessão de Aécio. Nada mais natural.
Ao invés de se fingir de morto vivo, pois é isso que ele é, Aécio reagiu com o ato inconsequente de
destituir Jereissati da presidência do partido. Com isso, voltou à boca do
palco de onde se afastara inconformado. E mostrou outra vez de que lado está e
ficará.
Está do lado dos que resistem às mudanças, dos que querem manter a
política como ela sempre foi, e dos que ainda insistem em se agarrar a um
governo de fechada. Como dessa maneira ele imagina se eleger qualquer coisa?
Enterrou-se de vez. Elegeu Jereissati.
A VELHA POLÍTICA ESPERNEIA NA MACA
Aécio, por Amarildo
A destituição do senador Tasso Jereissati (CE) da presidência
temporária do PSDB faz parte da resistência da Velha Política a ceder lugar à
Nova.
Sem condições morais para presidir o PSDB, o senador Aécio Neves
(MG) pôs e tirou Jereissati do comando do partido. Jereissati quer distância do
governo. Aécio precisa que o governo o proteja.
O único culpado pela crise do PSDB é o PSDB. Foi leniente com Aécio,
gravado pedindo R$ 2,5 milhões ao empresário Joesley Batista, afastado do
mandato e posto em prisão domiciliar.
A Polícia Federal ganhou um novo diretor. O que saiu, por pressão e
cansaço, era afinado com a Lava Jato. O que entrou é afinado com o PMDB de
Michel Temer e com o ministro Gilmar Mendes.
O Supremo Tribunal Federal (STF) submeteu-se ao Congresso. Abriu mão
do poder de aplicar medidas cautelares a políticos sem o consentimento deles.
Aberta porteira, passará uma manada.
Ao que tudo indica, o STF está pronto a revogar sua própria decisão
que permite o cumprimento imediato de pena depois de condenação em segunda
instância. Haverá uma legião de agradecidos.
Depois de mais de dois anos de pregação contra os “golpistas”, Lula
anunciou que os perdoa. O PT alagoano logo se apressou a oferecer apoio à
reeleição do senador Renan Calheiros (PMDB).
Em cinco ou seis Estados, PT e PMDB negociam acordos para disputar
as eleições de 2018. O discurso do “golpe” entrou pela perna do pinto e saiu
pela perna do pato. Dilma engoliu a seco.
Temer moveu meio mundo, sobreviveu a duas denúncias por corrupção e
ficou. Fica, com pouca ou quase força alguma para fazer mais nada.
Adeus reforma da Previdência! Em breve, a reforma do ministério, a
ser provocada pela saída do PSDB do governo, abrirá espaço para a entrada de
novos e piores nomes dos partidos mais fisiológicos.
A Velha Política esperneia na maca. E a Nova está sendo sufocada
para não nascer. (Ricardo Noblat)
Nenhum comentário:
Postar um comentário