O RIO MERECE UM RIO MELHOR, UM RIO DECENTE. O BRASIL TAMBÉM. VIVA A BELEZA. FORA, LADRÕES FOTO: REUTERS |
RIO, A SÉRIE
Os Três Poderes do Rio estão podres, unidos contra a população
que os elegeu e os sustenta com seu trabalho e seus impostos
Nelson Motta
O Globo
24/11/2017
Se a ascensão e queda do Rio fosse uma série de TV, seria de terror.
Não recomendada para menores de 16 anos por cenas explícitas de chantagem,
extorsão, boquinhas, mamatas, estupro moral, assassinatos físicos e culturais,
canalhices, fraudes e vilezas, linguagem chula, mortes em corredores de
hospitais, crianças sem escola; protagonizada por governadores, prefeitos,
deputados e vereadores que corromperam o Judiciário e as forças de segurança
pública e tornaram o Rio uma terra sem lei, sem ordem e sem progresso.
Talvez em outros estados não seja muito diferente. Alagoas,
Maranhão, Mato Grosso... Mas o Rio, além de uma série de TV, merece estudo como
um case de corrupção sistêmica em que
a população e juízes e policiais honestos e corajosos são derrotados por uma
Orcrim que se espalha pelo Executivo, Legislativo e Judiciário como um câncer.
Os Três Poderes estão podres, unidos contra a população que os elegeu e os
sustenta com seu trabalho e seus impostos.
Em todos os estados, começam a crescer os empregos com carteira
assinada, menos no Rio de Janeiro, que desempregou mais de quatro mil pessoas
no mês passado. A economia nacional se recupera lentamente, menos no Rio, onde
o governo e a prefeitura disputam quem é o pior.
E o Rio foi o estado que mais recebeu dinheiro de royalties de
petróleo durante 20 anos, sem qualquer trabalho, apenas porque os poços estavam
em nosso mar poluído. E queimou boa parte dessas fortunas colossais para
enriquecer bandidos que merecem apodrecer na cadeia, porque, com sua ganância,
incompetência e falta de vergonha, não roubaram ou mataram uma pessoa, mas
milhares de contribuintes inocentes.
Olhem a cara desses caras, Picciani, Garotinho, Paulo Melo,
Albertassi; você entregaria a chave do seu carro para algum deles estacionar?
Não há botox ou implante que resolva; podem vestir um terno Armani sob medida
que estarão sempre mal-ajambrados, os policiais da Federal estão sempre mais
elegantes. Os caras tem o physique du
rôle do vilão, que no caso pode ser traduzido por físico de criador de
rolos.
Mas o Rio de Janeiro continua lindo. E lutando.
Nelson Motta é
jornalista
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