Um anjo me falou
que no céu não havia idiomas;
então porque é que
os homens inventaram tantas rezas?
***
O frio não dava tréguas e a noite caminhava devagar. Atrasava o
passo propositadamente, sem vontade de chegar a casa, onde apenas a solidão a
esperava. A vida, era uma ilusão, que pensara poder dominar...Havia no seu
pensamento, um espaço imaginário, sem realidade plausível. Estava absurdamente
só, entregue aos seus "fantasmas". Atravessando as ruas da madrugada.
esquecida da razão que a levava a divagar, na exigência obstinada e absurda de
chegar a lado nenhum. Sentia-se rodeada de fragmentos, toda uma existência
feita de pedaços estilhaçados..Todos lhe diziam para não desistir de si, mas
sentia que a vida é que desistia dela. Algures talvez existisse um horizonte, que pudesse olhar e perceber
que tinha o tempo dentro de si.
Pese todas as considerações filosóficas a vida não se explica, ela
apenas se resume numa enorme manta de retalhos.
De repente sobreveio o cansaço e uma pressa urgente de chegar a
casa. Acelerou o passo...ao longe o ruído de uma badalada conta as horas, que o
tempo debita...!
***
FOTO: MARCOS MENDES |
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Há momentos em que o olhar vago nada vê,
exceto o passado em preto e branco.
Por Orlando Silveira, em "Rapidíssimas"
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