O criador do moderno
teatro brasileiro, o polêmico e genial Nélson Rodrigues, foi ele próprio um
grande personagem. Sua vida pessoal foi marcada por inúmeros percalços: teve o
irmão, também jornalista, assassinado; o pai, por conta da morte do irmão, logo
se foi; a tuberculose o mandou diversas vezes para sanatórios; a úlcera não lhe
deu tréguas... Mesmo assim, Nélson Rodrigues trabalhou feito mouro, escreveu inúmeras
peças de teatro, crônicas e tudo o mais que fosse preciso escrever para
garantir a subsistência da família.
Sua trajetória, em
detalhes, está descrita em “O Anjo Pornográfico”,
de Ruy Castro. Um livro que deve – mais que lido – ser degustado, pela riqueza
de informações e pela qualidade do texto. É dele que retiro a historinha que
segue.
Durante três meses, Nélson
ficou “internado” na sala de sua casa, já que se recusava a voltar para o
hospital, onde fora operado da vesícula e para o qual fora levado outra vez por conta
de complicações no pós-operatório. Vivia cercado de gente: familiares, vizinhos
e parentes. “Durante o dia, o ‘quarto’ de Nélson tinha uma plateia de FLA-FLU”,
escreve Castro.
Nas raras vezes em que
ele ficava só (tinha medo de morrer sozinho), Nélson apelava em
tom dramático para a sogra:
-- Dona Concetta, fique
comigo. Venha me ouvir gemer. (OS)
Nélson adorava sanduíche de mortadela. Mas a úlcera, sempre ela, lhe castigava. O mestre, então, chamava o contínuo - que à época, ao contrário de hoje, não era guri - e lhe propunha um bom negócio. Que o homem fosse buscar o sanduba. Ele pagava com gosto. Mas tinha um preço: o sortudo tinha que comê-lo na frente de Nélson. Que babava de satisfação.
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Nélson adorava sanduíche de mortadela. Mas a úlcera, sempre ela, lhe castigava. O mestre, então, chamava o contínuo - que à época, ao contrário de hoje, não era guri - e lhe propunha um bom negócio. Que o homem fosse buscar o sanduba. Ele pagava com gosto. Mas tinha um preço: o sortudo tinha que comê-lo na frente de Nélson. Que babava de satisfação.
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Frases
Subdesenvolvimento não
se improvisa; é obra de séculos.
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O marido não deve ser
o último a saber. O marido não deve saber nunca
O jovem tem todos os
defeitos do adulto e mais um: o da imaturidade.
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A televisão matou a
janela.
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Há homens que, por
dinheiro, são capazes até de uma boa ação.
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O ônibus apinhado é o
túmulo do pudor.
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Dinheiro compra tudo,
até amor verdadeiro.
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Com sorte você
atravessa o mundo, sem sorte você não atravessa a rua.
Livro excelente! Não deixem de ler!
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