Marco Aurélio: perplexo por quê? |
“NÃO DESISTA DO BRASIL”
ROGA “LÍDER” DA LAVA JATO
O procurador Dallagnol trata o descalabro do Rio
como prenúncio de desatinos maiores.
“O que aconteceu no Rio de Janeiro hoje
é uma amostra do que pode acontecer em Brasília
e com a Lava Jato, se em 2018 não virarmos
o jogo contra a corrupção"
Por Josias de Souza
UOL – 18/11/2017 | 05:44
“Não desista do Brasil”, escreveu o procurador Deltan Dallagnol,
coordenador da força-tarefa de Curitiba, em reação à decisão da Assembleia
Legislativa do Rio de Janeiro, que tirou da cadeia três caciques da facção
parlamentar do PMDB fluminense. Diante do mutismo do asfalto, o procurador
acrescentou: “Nós não podemos nos anestesiar, mas sim dar vazão à nossa
indignação, de modo pacífico e democrático, por meio da participação popular.”
Debruçado na janela do Facebook, Dellagnol afirmou: “Os deputados da
Assembleia do Rio deveriam ser os primeiros a endossar a atuação da Justiça e
apurar a responsabilidade de seus líderes, mas o comportamento foi o oposto.”
Mergulhado nos processos da Lava Jato desde 2014, o procurador conhece a
podridão por dentro. Num instante em que os parlamentares, com a lama pelo
nariz, apelam à cumplicidade e ao compadrio dos colegas para obter blindagem,
Dallagnol soa como se enxergasse as urnas como um atalho ao Judiciário.
“Se você não se envolver, eles ocuparão o seu espaço. Se hoje os
políticos mostraram do que são capazes, em 2018 a sociedade brasileira precisa
mostrar do que é capaz, nas urnas, agindo de modo organizado para eleger apenas
políticos com ficha limpa, que expressem compromisso com a democracia e que
apoiem propostas anticorrupção, com palavras, votos e atitudes.”
Dallagnol prosseguiu: “Há entidades respeitadas da sociedade civil
trabalhando nesse sentido. Não esqueça do que aconteceu hoje e se una a elas em
2018, o ano que representa a grande chance brasileira contra a corrupção.”
O procurador trata o descalabro do Rio como prenúncio de desatinos
maiores. “O que aconteceu no Rio de Janeiro hoje é uma amostra do que pode
acontecer em Brasília e com a Lava Jato se em 2018 não virarmos o jogo contra a
corrupção. Quando a punição bater na porta dos grandes líderes corruptos, eles
perderão a vergonha de salvar a própria pele. A única solução é por meio da
democracia e de uma política mais íntegra, e isso depende de você.”
O procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, outro conhecido membro
da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, também despejou no Facebook sua
indignação com o que se passou no legislativo fluminense. Ele direcionou suas
baterias, no entanto, para o ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal
Federal. Surpreendeu com a notícia de que o magistrado ficara perplexo com o
comportamento dos parlamentares do Rio.
“Marco Aurélio está perplexo!?!?!?”, escreveu Carlos Fernando.
“Perplexo estamos nós em ouvir isso, pois foi justamente o seu voto no caso de
Aécio, incoerente com sua própria decisão de afastamento de Renan Calheiros,
que permitiu esse descalabro que estamos vivendo. Marco Aurélio é responsável
pela decisão que levou a este estado de coisas.”
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