Fernando Segóvia (Foto: chicoterra.com) |
NO AFÃ DE ADULAR TEMER
SEGÓVIA ATINGE ATÉ A PF
Espremendo-se tudo o que disse o novo mandachuva da PF,
chega-se à conclusão de que a
investigação contra Temer
é que é suspeita, não o presidente
Por Josias de Souza
20/11/2017 | 20:57
Depois de tomar posse ao lado do investigado Michel Temer, o novo
mandachuva da Polícia Federal desqualificou em sua primeira entrevista as
investigações que fizeram do presidente da República um denunciado por
corrupção. O delegado Fernando Segóvia ecoou críticas feitas pelo próprio
Temer. Espremendo-se tudo o que ele disse, chega-se à conclusão de que, para o
novo diretor da PF, a investigação contra Temer é que é suspeita, não o
presidente.
Segóvia atacou o ex-procurador-geral Rodrigo Janot e engrossou o
coro de críticas à delação da JBS. Que a delação é esquisita, não há mais
dúvida. Tanto que os delatores estão presos. Mas isso não elimina as suspeitas
que recaem sobre o presidente e seu grupo político. No afã de agradar ao novo
chefe, o delegado jogou na lata do lixo dois relatórios produzidos pela
corporação que comandará.
Num, a PF informou ao STF sobre evidências que indicam “com vigor” a
prática de corrupção por Temer no caso da mala com a propina de R$ 500 mil.
Noutro, a PF conclui que Temer tinha poder de decisão sobre o chamado grupo
'quadrilhão do PMDB.’ Alheio a tudo, Segóvia chegou a dizer que uma mala com
propina não permite saber se houve ou não corrupção.
Ora, a plateia não é feita de bobos. O brasileiro sabe que o crime é
igualzinho ao futebol. Rodrigo Rocha Loures, o homem da mala, ex-assessor de
Temer, pode ser um craque. Mas ninguém marca gol sozinho. O novo diretor da PF
precisa esclarecer em que time pretende jogar.
TUCANO PERILLO CELEBRA
O NOVO MINISTRO DE TEMER
Num instante em que o PSDB discute o desembarque do governo de
Michel Temer, o governador tucano de Goiás, Marconi Perillo, festeja a chegada
do deputado federal Alexandre Baldy à Esplanada dos Ministérios como se fosse a
ascensão de um correligionário. Ex-secretário de Indústria e Comércio do
governo de Perillo, Baldy foi eleito deputado federal em 2014 pelo PSDB. Migrou
para o PTN, hoje rebatizado de Podemos. E está de malas prontas para o PP, a
legenda do ‘Centrão’ que exigiu e obteve de Temer o Ministério das Cidades.
“Recebi essa informação com enorme alegria, contentamento e
entusiasmo”, disse Perillo, que disputará o posto de presidente nacional do
PSDB com o antigovernista Tasso Jereissati. Os dois medirão forças numa
convenção marcada para 9 de dezembro. O embate precipitou a saída do deputado
Bruno Araújo (PSDB-PE) do cargo de ministro das Cidades. Tomado pela euforia,
Perillo parece ter apreciado a troca de Bruno por Baldy.
“Ele tem uma ampla visão, é um grande articulador, tem apoios
importantes em todos os partidos da base do governo… Então, vai ser,
certamente, muito importante para o país.” A opinião do país ainda não pode ser
auferida. Mas o PSDB de Perillo está satisfeitíssimo com a escolha de Temer — ou
de Rodrigo Maia, já que foi o presidente da Câmara quem sugeriu ao presidente
que guindasse Baldy ao primeiro escalão. (JS)
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