Temer: Sem foro especial, é pênalti (Foto: AFP) |
DE PRESIDENTE A INVESTIGADO
O que Temer aspira é a continuar desfrutando de foro especial,
o que lhe asseguraria o privilégio de só poder ser investigado
e processado pelo Supremo Tribunal Federal
Por Ricardo Noblat
http://noblat.oglobo.globo.com
30/11/2017 - 04h05
Onde se lê: Michel Temer ainda opera com a possibilidade de ser
candidato à reeleição; leia-se: Temer está à procura de uma saída para não cair
nas mãos do juiz Sérgio Moro tão logo deixe o cargo.
Eliseu Padilha, ministro da Casa Civil, declarou, ontem, que Temer
não tem “nenhuma pretensão” de concorrer às eleições de 2018. Como concorreria
com uma popularidade tão rala?
O que Temer aspira é a continuar desfrutando de foro especial, o que
lhe asseguraria o privilégio de só poder ser investigado e processado pelo
Supremo Tribunal Federal.
Esse é o sonho de 10 entre 10 políticos. Por quê? Ora, por que. A
pretexto de sobrecarga de trabalho, o Supremo costuma ser generoso com os
políticos em geral.
Tudo, ali, arrasta-se com uma lentidão irritante para quem cobra da
Justiça rapidez e eficiência. Se processos contra políticos não prescrevem,
haverá sempre um ministro disposto a dar um jeito.
A nomeação de ministros de tribunais superiores depende do Senado. A
aceitação de pedido de impeachment contra algum deles depende do presidente do
Senado. Vida que segue.
Dos 11 ministros do Supremo, oito já votaram para acabar com o foro
especial para deputados federais e senadores. O ministro Dias Toffoli pediu
vista e, com isso, adiou ali qualquer decisão.
A Câmara dos Deputados promete deliberar em breve sobre o assunto. É
duvidoso que o faça em breve ou a médio prazo. Quem está disposto a renunciar a
privilégios?
Para manter o seu, uma vez que não mudem as regras atuais, seria
preciso que Temer fosse nomeado ministro do próximo governo. Ou então
embaixador em algum país.
A ex-presidente Dilma Rousseff tentou fazer de Lula ministro para
protegê-lo de Moro. Foi impedida pelo ministro Gilmar Mendes em decisão
monocrática.
O Congresso bem que poderia aprovar uma emenda estendendo a
ex-presidentes da República o direito ao foro especial. Seriam gratos Sarney,
Collor, Lula e Dilma, ex-presidentes em apuros.
Tudo por aqui é possível, sim, mas tudo tem um custo.
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