E agora, José? Faço ou não faço a reforma agora? |
TEMER SOB
PRESSÃO PARA
DEIXAR TUDO
COMO ESTÁ
Por Ricardo Noblat
http://noblat.oglobo.globo.com/
15/11/2017 - 03h35
Se depender
de partidos que apoiam o presidente Michel Temer e até mesmo de auxiliares
dele, ficará para abril a reforma do ministério. Manda a lei que até 30 de
abril deixem os cargos os ministros que queiram disputar as próximas eleições.
Temer havia
decidido reformar o ministério até meados de dezembro. Com isso, pretendia se
antecipar à saída do PSDB do governo e remontar sua base de apoio no Congresso,
especialmente na Câmara dos Deputados, que só tem feito diminuir.
Não recuou
da decisão. Mas recuará caso dê ouvidos aos que já começaram a se manifestar
contra a ideia. De resto, a reforma ampla, geral e irrestrita como ele imagina
irá para o brejo se ele abrir exceções como querem alguns dos seus ministros.
O da
Fazenda, Henrique Meirelles, que em entrevista recente à revista VEJA admitiu
que é presidenciável - ou seja, aspirante a concorrer à vaga de Temer -,
apressou-se, ontem, a dizer que só definirá seu destino no início do próximo
ano.
Quer dizer:
não pretende deixar o governo antes disso. Outro que reagiu a sair logo foi o
ministro Gilberto Kassab, da Ciência e Tecnologia. "Todo mundo sabe que,
hoje, não sou candidato. O partido ficou de tratar desse assunto apenas no
início de 2018”, disse.
Presidente
licenciado do PRB, Marcos Pereira, ministro da Indústria e Comércio, afirmou
que respeitará a decisão de Temer, mas confessou que a saída antecipada seria
ruim: “Temos muitas entregas programadas de obras até abril”.
O deputado
Mendonça Filho, da Educação, será candidato à reeleição pelo DEM de Pernambuco.
Ou ao governo, ou ao Senado. Nada quis comentar sobre a antecipação da reforma.
Mas se dependesse somente dele ficaria onde está.
“O
presidente quer a saída desde já dos que irão concorrer às eleições”, confirmou
Eliseu Padilha, chefe da Casa Civil do governo. Quando perguntado se será
candidato, respondeu que só tomará qualquer decisão a respeito até o fim de
março.
A bola está
nos pés de Temer. Resta saber se ele a chutará como era ou ainda é seu desejo.
Se der o dito pelo não dito, não surpreenderá ninguém.
EFEITO PERVERSO DA REFORMA
MINISTERIAL ANTECIPADA
Haverá um
efeito colateral danoso da reforma ministerial antecipada que o presidente
Michel Temer imagina concluir até meados de dezembro.
A saber:
ministros não enrolados com a Justiça, e candidatos às próximas eleições,
deixarão seus cargos. E ministros enrolados acabarão ficando para não perder o
direito ao foro privilegiado.
Ministros só
podem ser processados pelo Supremo Tribunal Federal. De volta à planície,
poderão ser processados pela primeira instância da justiça. Leia-se: por juízes
do tipo Sérgio Moro.
Temer
arrisca-se a contar com um ministério de maioria suspeita de falcatruas. (RN)
***
LEIA TAMBÉM
O que vai acontecer não é propriamente uma troca de ministros.
É uma troca de cúmplices.
Há muitos interesses envolvidos na reforma de Temer.
E nenhum deles é o interesse público.
Por Josias de Souza
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