sexta-feira, 24 de novembro de 2017

COMPORTAMENTO/OPINIÃO: AUGUSTO NUNES

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POIS É, QUE PENA

 NA INTERNET, A COMPAIXÃO
É UM SENTIMENTO EM EXTINÇÃO

O caso do submarino mostra que, num Brasil embrutecido
pelo Fla X Flu interminável, talvez não haja mais espaço
para manifestações de solidariedade

Por Augusto Nunes
http://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/
24/11/2017 | 11h40

Oito dias depois do desaparecimento do submarino argentino num ponto do Oceano Atlântico, o mundo ignora se os 44 tripulantes — 43 homens e uma mulher — continuam vivos. Ninguém sabe se a embarcação ainda existe ou foi destruída por uma explosão. Nem em que parte do mar há marinheiros implorando por socorro agarrados à esperança ou corpos à espera de resgate e sepultamento em terra firme.

Há uma semana, acompanho a saga dos argentinos sumidos no fundo do mar com angústia e espanto. Angustia-me imaginar o desespero crescente de um grupo de seres humanos. Espanta-me o pouco interesse despertado pela tragédia no mundo da internet, que até recentemente reagia com mobilizações imediatas e portentosas ao topar, por exemplo, com a imagem de alguma baleia encalhada na praia.

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PACIÊNCIA

Nos grandes sites, posts sobre o drama pavoroso são quase todos rasos e burocráticos. Seguem-se pouquíssimos comentários — às vezes nenhum. Um texto publicado no UOL, por exemplo, mereceu uma única observação: o leitor se declarou indignado com um prosaico erro gramatical cometido pelo redator anônimo.

Num Brasil embrutecido pelo Fla X Flu interminável e feroz, talvez não haja mais espaço para manifestações de solidariedade. Essas ondas de clemência até pouco tempo atrás irrompiam espontâneas e vigorosas, fossem quais fossem o palco da tragédia e a nacionalidade das vítimas.

Hoje, é penoso constatar que no universo das redes sociais, é o ódio que mais mobiliza. A cólera epidêmica parece ter transformado a compaixão num sentimento ameaçado de extinção.

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FIZ O QUE (NÃO) PUDE

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