PSDB; Afinal, quem são os tolos - eles, nós? Ilustração: Depositphotos |
PSDB MUDA PARA NADA MUDAR
Como ficaria Alckmin?
Como ficaria a poderosa seção paulista
do PSDB? Sempre será melhor para ela continuar
mandando no partido. Há muitos interesses em jogo.
E nem todos confessáveis.
Docemente constrangido, Alckmin topou a missão.
Por Ricardo Noblat
http://noblat.oglobo.globo.com/
28/11/2017 - 03h59
A saída encontrada pelo PSDB para contornar a crise que rachou o
partido e ameaça afundá-lo foi fazer de conta que a crise não existe. Ou que
deixou de existir com o acordão que fará de Geraldo Alckmin a partir do próximo
dia 9 o novo presidente nacional do partido.
A ascensão de Alckmin lhe dará mais força para consolidar-se como o
candidato do PSDB à próxima eleição presidencial. Doravante, Alckmin será o
dono da chave do cofre onde está depositada a fatia milionária do fundo
partidário.
Quem quiser no PSDB se eleger qualquer coisa em 2018 terá de se
entender com Alckmin. Que candidato a presidente não gostaria de dispor dessa
vantagem? Haverá juras eternas de fidelidade a ele. Mas como no amor, a
fidelidade é infinita enquanto dura.
Em 2006, quando disputou a presidência da República com Lula,
Alckmin teve ao seu lado um partido relativamente em paz e unido. Nem por isso
lhe foi fiel. Alckmin debita parte de sua derrota na conta dos que o traíram –
entre eles, José Serra e Aécio Neves.
O PSDB não é um partido de massas, como o PT, por exemplo. É um
partido de quadros. É o colégio de cardeais, integrado por poucos nomes, que
decide a sorte do partido. Ou do seu principal candidato numa eleição
majoritária. Daí o estrago que traições podem causar.
Foi o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso que decidiu
solitariamente que o melhor para o PSDB seria Alckmin assumir a presidência do
partido. Evitaria a disputa entre Tasso Jereissati (CE) e Marconi Perillo (GO).
Um (Tasso), apoiado pelos que ainda apostam na renovação do partido.
O outro (Perillo), por Aécios (MG) e os que gostariam de seguir unidos com
Temer e o PMDB. De resto, mais adiante, e se Tasso ou Perillo pretendesse ser
candidato à vaga de Temer?
Como ficaria Alckmin? Como ficaria a poderosa seção paulista do
PSDB? Sempre será melhor para ela continuar mandando no partido. Há muitos
interesses em jogo. E nem todos confessáveis. Docemente constrangido, Alckmin
topou a missão.
Portanto, bola para frente, sem que se dê uma única palavra sobre o
que Aécio fez ou acabou impedido de consumar; e sobre os desvios de
comportamento de outras estrelas brilhantes do partido acusadas de prevaricar
tanto ou mais do que ele.
Nada de faxina ética – a última que pensou nisso foi varrida. Nada que
possa significar uma refundação do partido. O marketing e a tradicional
política de alianças que se encarreguem de sustentar a candidatura de Alckmin.
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