Foto: Arquivo Google |
MAU PRESSÁGIO
Temer está fazendo o que lhe cabe fazer. Imagina que
se a reforma não passar a culpa não será sua. Mas será
dele também. Foi Temer que enfraqueceu Temer
por tornar-se alvo de duas denúncias de corrupção
Por Ricardo Noblat
http://noblat.oglobo.globo.com/meus-textos
23/11/2017 | 03:58
A medirem-se as chances de a reforma da Previdência ser aprovada
pelo número de deputados que atenderam ontem à noite ao convite do presidente
Michel Temer para jantar no Palácio da Alvorada, adeus reforma. Sequer será
posta em votação.
Temer havia convidado o que chama de base aliada do governo. Seus
porta-vozes formais e informais adiantaram que o jantar deveria reunir cerca de
300 deputados. Ao fim do regabofe, alguns deles estimaram que pelo menos 200
marcaram presença.
Conversa mole. Deputados saíram de lá dizendo que não havia mais de
170 num cálculo otimista. Aliado de Temer, o vice-presidente da Câmara, Fábio
Ramalho (PMDB-MG), não foi. “Iria para quê? Não votarei a favor da reforma”,
disse ele a este blog.
Ramalho admite que a reforma é necessária, mas que não será “louco”
de ajudar a aprová-la a menos de um ano das próximas eleições”. E garante:
“Esse é o sentimento predominante na Câmara hoje. Ninguém, ali, concorda em se
suicidar. O povo é contra”.
Para aprovar a reforma na Câmara, o governo precisará de um mínimo
de 308 votos de um total de 513. “Se ele tiver 150, 180 votos, que comemore”,
aconselha Ramalho. O relator da reforma, deputado Arthur Maia (PPS-BA), não
discorda de Ramalho.
“Nada está garantido. Quem dará a palavra final é o plenário da
Câmara. Não sou eu que vou garantir a aprovação”, ditou Maia depois do jantar.
Se a reforma não for votada na Câmara até o próximo dia 15, Maia acha que ela
ficará para o próximo governo.
Temer está fazendo o que lhe cabe fazer. Imagina que se a reforma
não passar a culpa não será sua. Mas será dele também. Foi Temer que
enfraqueceu Temer por tornar-se alvo de duas denúncias de corrupção.
***
NOTA DO BLOG
Verdade seja dita. Temer não mede esforços para manter e/ou ampliar
a tal da base aliada: acelera a liberação de verbas para as emendas
parlamentares, faz concessões indecentes para empresários sonegadores,
distribui cargos, troca ministros sem levar em conta a folha corrida dos
beneficiados. Além disso, com o objetivo de angariar votos a qualquer preço, abre
as portas do Palácio e oferece banquetes a centenas de convidados famintos, não
de comida boa e farta, mas de outros tipos de vantagens, muitas indevidas. Tudo
com dinheiro público, evidentemente. O que fará com a comida que ontem (22/11)
não foi comida no Palácio da Alvorada?. Dará aos porcos? (Orlando Silveira)
Nenhum comentário:
Postar um comentário