WILLIAM WAACK VIRA ALVO
DO EXÉRCITO DOS ABJETOS
O ataque ao brilhante profissional confirma que, aos olhos
dos idiotas, independência jornalística é pecado mortal
Por Augusto Nunes
09/11/2017 - 20h22
Conheci William Waack há quase 50 anos, quando nossos caminhos
cruzaram na Escola de Comunicações e Artes da USP. Trabalhamos juntos nas
redações de VEJA, do Jornal do Brasil e do Estadão. Convivemos sempre em
fraterna harmonia. Orgulho-me da amizade inabalável que me une a um homem
exemplarmente íntegro, um parceiro extraordinariamente leal, um profissional
que pode ser apresentado como modelo a todo jornalista iniciante.
Repórter visceral, excepcionalmente talentoso, William tornou-se o
melhor correspondente de guerra do mundo. Exagero? Confiram a cobertura que fez
da queda do Muro de Berlim, da insurreição popular que derrubou a ditadura de
Ceasescu na Romênia ou da primeira Guerra do Golfo. Os textos que assinou em
jornais e revistas lhe garantem uma vaga perpétua no ranking dos grandes nomes
da imprensa. Os livros que publicou reescreveram a História.
Nestes tempos escuros impostos aos trêfegos trópicos pelos governos
de Lula, do poste que fabricou e do vice que o dono do PT escolheu, William tem
sido um dos pouquíssimos jornalistas de televisão irretocavelmente altivos.
Manteve a independência, a autonomia intelectual, o respeito à ética, a paixão
pela verdade. Sempre viu as coisas como as coisas são. Sempre contou o caso
como o caso foi.
Agir assim em países primitivos é perigoso. E no Brasil, como
ensinou Tom Jobim, fazer sucesso é ofensa pessoal. Era previsível que, por duas
ou três frases ditas fora do ar, virasse alvo do exército dos abjetos. As
milícias a serviço do politicamente correto, os patrulheiros esquerdopatas, os
perdedores congênitos, os cretinos fundamentais e os idiotas de modo geral —
esses não perderiam a chance de atacá-lo.
Vão todos quebrar a cara. Primeiro, porque afirmar que meu velho
amigo é racista faz tanto sentido quanto acreditar que Lula é inocente. Depois,
porque incontáveis brasileiros sabem que o país seria muito melhor se houvesse
mais gente provida das virtudes que sobram em William Waack.
Nenhum comentário:
Postar um comentário