Depois da administração Giuliani, o crime caiu 60%
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A CIDADE CONTRA O CRIME
Giuliani expulsou quatro mil policiais, e todos os comandos
foram renovados sem interferência de políticos locais
Por Nelson Motta
O Globo – 10/11/2017
Gosto muito das séries “The
Get Down”, sobre a origem do rap, passada em 1978, e “The Deuce”, com gangsters, cafetões e prostitutas de rua no início
da indústria de filmes pornô, em 1970, as duas ambientadas em Nova York em
épocas selvagens, com a cidade dominada pelo crime, a desordem e a polícia
corrupta. O lixo se amontoava nas ruas, os metrôs eram imundos e perigosos,
táxis recusavam corridas para certas zonas, como o hoje elegante Lower East
Side. Até o Central Park era perigoso.
Fui a Nova York pela primeira vez em 1967 e depois inúmeras vezes em
várias épocas; morei lá nove anos, até 2000, e as séries me lembram que a
metrópole hoje tão segura e civilizada já foi selvagem como o Rio de Janeiro,
dominada pelo crime e a corrupção. Nas suas ruas sujas e violentas ninguém se
sentia seguro.
Nova York foi à falência em 1975, serviços públicos foram suspensos,
salários atrasaram. E seguiu ladeira abaixo nos anos 80, até que o
ex-procurador federal Rudolph Giuliani, famoso por ter processado e condenado
chefões da máfia, se elegeu prefeito em 1993 e instituiu a política de tolerância
zero.
Coibiu com rigor mesmo os pequenos delitos, mas principalmente fez
uma limpeza na polícia. Mais de quatro mil policiais foram demitidos, todos os
comandos foram renovados sem interferência de políticos locais. Nova York já se
pareceu muito com o Rio de Janeiro, até nas alianças entre os políticos e
policiais corruptos.
Depois da administração Giuliani, a cidade se tornou limpa e segura,
hoje seus igor e bem treinados, recebem salários dignos, são raros os casos de
abusos policiais e “autos de resistênpoliciais têm a confiança e o respeito da população, são selecionados com rcia”, mais raros ainda os policiais
mortos. O crime caiu 60%.
Sim, Nova York continua a capital mundial do consumo de drogas. Mas
os traficantes não mandam na cidade.
Assim como a célebre recomendação de James Carville ao candidato
Bill Clinton, “é a economia, estúpido”, os problemas do Rio se parecem tanto
com os que Nova York viveu, e superou, que qualquer plano de salvação começa
com “é a policia, estúpido”
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