DE QUEM RI ESSA SENHORA? DE NÓS, CLARO
A ministra de Direitos Humanos,
Luislinda Valois, choca
o País com suas mordomias, desvios e
apelos descabidos
Por Tábata Viapiana
IstoÉ ON-LINE
10/11/2017
O processo de abolição
da escravatura no Brasil foi gradual: começou com a Lei Eusébio de Queirós de
1850, seguida pela Lei do Ventre Livre de 1871, a Lei dos Sexagenários de 1885
e finalizada pela Lei Áurea em 1888. Mas a ministra dos Direitos Humanos,
Luislinda Valois (PSDB), não gosta de escalas. Ameaça recorrer diretamente à
Princesa Isabel se continuar ganhando “apenas” R$ 33.700 por mês, enquanto a
renda média do brasileiro é de R$ 1.226. É uma “escrava”, como ela mesmo se
autoproclamou ao querer incorporar aos seus vencimentos mais R$ 30.471,10 que
recebe como desembargadora aposentada do Tribunal de Justiça da Bahia. Só que escrava
de luxo.
Vida de escravo é
difícil, dizia a letra de Dorival Caymmi. Que o diga Luislinda. Além de ganhar
salário que encosta no teto constitucional do funcionalismo, ou seja, só a nata
dos servidores públicos pode desfrutar desse privilégio, a ministra leva uma
vida de mordomias à custa do dinheiro público. Além dos R$ 33,7 mil por mês, a
ministra tem direito a jatinhos da FAB para viagens profissionais, apartamento
funcional em Brasília, carro com motorista e cartão corporativo. Ela ainda
recebe diárias do governo federal, quando viaja. Só em 2017, foram mais de R$ 40 mil.
Isso tudo já a faz
ocupar um confortável lugar no pico da pirâmide social, mas sua declaração de
bens de 2014 é ainda mais eloquente ao mostrar que a ministra está mais para Casa
Grande do que senzala. Luislinda é proprietária de uma mansão no condomínio de
luxo Porto Busca Vida Resort, localizado na praia privativa de Busca Vida, em
Camaçari, na Bahia. Ela adquiriu o imóvel por R$ 750 mil. Hoje, o local está
supervalorizado. Um terreno não sai por menos de R$ 1,5 milhão. Casas prontas,
que variam de 300m2 a 1.100m2, custam entre R$ 3 milhões e 7,5 milhões. A
ministra Luislinda também possui um apartamento em Salvador, comprado por R$
330 mil, e outro em Curitiba, no alto da Glória, região nobre, adquirido por R$
350 mil.
Praia
privada
Como é possível notar,
está mais do que evidente a exploração a que a ministra de Direitos Humanos vem
sendo submetida pelo Estado-feitor. Em junho passado, Luislinda cobrou do
governo R$ 10.758,68 por uma viagem
de cinco dias a Israel. A viagem foi paga pela Confederação Israelita do Brasil
(Conib). Ou seja, ela viajou de graça e mesmo assim quis ressarcimento. Verba
extra, dinheiro a mais. Sua assessoria diz que ela devolveu os valores no dia
28 de junho. Em julho, ela deu outro “aplique” nos cofres públicos: pediu o
ressarcimento de despesas durante final de semana em Salvador, onde reside, sem
ter tido compromissos oficiais. Ela não trabalhou no final de semana. Na
verdade, ela viajou para a capital baiana no dia 27 de julho, uma quinta-feira,
em avião da FAB, para representar o presidente da República na posse de um juiz
do TRE da Bahia. Na sexta, a ministra visitou uma escola pública. Ficou em casa
descansando no sábado e domingo, mas mesmo assim cobrou as diárias por todos os
dias, no valor de R$ 1.985,19.
Ao pedir o aumento
salarial, ela explicou que a alta soma se destina a cobrir despesas
“necessárias” ao exercício do cargo, como roupas, sapatos, perfumes e
maquiagens. “Como é que eu vou comer, beber e calçar?”, disse Luislinda. “É
cabelo, é maquiagem, é perfume, é roupa, é sapato, é alimentação”, completou a
ministra, que deve fazer Isabel se remexer no túmulo. Com a repercussão
negativa do caso, ela voltou atrás, abrindo mão do pedido por mais benefícios,
mas ao pedir um salário acima do teto do funcionalismo, Luislinda se
desconectou da realidade. Definitivamente, o contribuinte brasileiro não merece
ser escravizado pelos privilégios de uma ministra dos Direitos Humanos. Ela
parece só olhar para os direitos dela.
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