STF: pouca Justiça, muita política |
A
REPÚBLICA E OS FARSANTES
O
STF protagoniza em cada sessão embates de baixíssimo nível.
Lembra
discussões de botequim pouco antes do momento da saideira
Por
Marco Antonio Villa
IstoÉ
– 02/11/2017
A
desmoralização do Estado democrático de Direito continua em marcha. Nas últimas
semanas os três poderes da República protagonizaram momentos lamentáveis. O
Executivo comprando votos na Câmara. Entregou cargos na máquina do Estado com o
claro objetivo de favorecer negócios ilícitos aos apaniguados dos deputados,
isso como se fosse algo absolutamente natural, um instrumento da democracia que
teria vindo lá da Atenas de Péricles — é necessário certo cuidado nessa
afirmação pois a maioria dos deputados pode imaginar que o ateniense era um
pagodeiro. Concedeu a liberação de verbas orçamentárias para favorecer
interesses pouco republicanos dos deputados nas suas bases. Grande parte dessas
obras são inúteis: é dinheiro público jogado fora. Serve para favorecer empreiteiras
e políticos, mais ainda quando nos aproximamos de uma nova eleição, que deve
ser a mais cara da história.
No
Congresso, nada indica que haverá uma moralização dos costumes. Eles não se
corrigem. Sentem-se acima do bem e do mal. Têm plena confiança na impunidade —
e não faltam exemplos. Para a elite não é aplicável o caput do artigo 5º da
Constituição. Continuam legislando em causa própria. A maioria desconhece o que
significa interesse público. Estão lá para enriquecer, e rápido.
O
STF — ah, o STF… — protagoniza em cada sessão embates de baixíssimo nível.
Lembra discussões de botequim pouco antes do fechamento, no momento da
saideira. Nada contribui para o País, nada contribui para a Justiça. Por sinal,
o que menos importa é a Justiça. Fazem descaradamente política. E os autos dos
processos? Doce ilusão. São meros pretextos para tecer considerações sobre Deus
e sua obra. Um ministro ataca o outro. Se odeiam. Luminares do Direito? Não!
São os modernos Pachecos, aquele do “imenso talento”, célebre personagem de Eça
de Queirós imortalizado no livro “A correspondência de Fradique Mendes”.
E
a vida segue. Parece um filme. E de terror. Nós, cidadãos, somos apenas
espectadores. Podemos, no máximo, vaiar, mas não conseguimos mudar a história.
As Polianas de plantão — e são tantas — vão, como de hábito, elaborar ilusões
sobre as possibilidades de mudança. Que nada! A via crucis deve continuar. O
País pode mudar? Sim, no momento que o povo se recusar a ser levado ao Gólgota
para o sacrifício.
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