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CHÃO DE ESTRELAS
De Sílvio Caldas e Orestes
Barbosa
Minha
vida era um palco iluminado
Eu
vivia vestido de dourado
Palhaço
das perdidas ilusões
Cheio
dos guizos falsos da alegria
Andei
cantando a minha fantasia
Entre
as palmas febris dos corações
Meu
barracão no morro do Salgueiro
Tinha
o cantar alegre de um viveiro
Foste
a sonoridade que acabou
E
hoje, quando do sol, a claridade
Forra
o meu barracão, sinto saudade
Da
mulher pomba-rola que voou
Nossas
roupas comuns dependuradas
Na
corda, qual bandeiras agitadas
Pareciam
um estranho festival
Festa
dos nossos trapos coloridos
A
mostrar que nos morros mal vestidos
É
sempre feriado nacional
A
porta do barraco era sem trinco
Mas
a lua, furando o nosso zinco
Salpicava
de estrelas nosso chão
Tu
pisavas nos astros, distraída
Sem
saber que a ventura desta vida
É
a cabrocha, o luar e o violão
***
Manuel Bandeira considerava "Tu pisavas nos astros, distraída" o verso mais bonito da literatura brasileira. Embora também o considere lindo, Carlos Heitor Cony prefere outro, de Aldir Blanc. Veja por quê.
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