Ilustração: RF123 |
Getúlio
tem tudo, do bom e do melhor: apartamentos de luxo, casa na praia, casa de campo,
fazenda, iate, mulher bonita. Seus negócios vão muito bem, obrigado. Para não
parecer que ele é pouca coisa, comprou uns dois ou três títulos de comendador.
Vindo de onde veio, da mais completa e acabada pindaíba, é um homem que deu
certo, se o critério adotado for o econômico-financeiro.
Getúlio,
porém, sentia que lhe faltava alguma coisa, algo que o fizesse entrar para a
história, embora não tivesse pressa alguma de abandonar a vida. A falta de
leitura não o incomodava. Aliás, sempre teve certo desprezo pela leitura. “Quem
lê muito trabalha muito pouco; intelectual não serve pra nada”, costumava repetir,
com a soberba dos endinheirados ignorantes.
--
Tenho a solução para acabar com sua angústia, disse-lhe Almeida, amigo desde os
tempos das vacas pele e osso. O negócio é o seguinte: você vai virar Cidadão da
Cidade. E o título será aprovado por unanimidade pela Câmara Municipal. Todos os
vereadores vão endossá-lo. É a glória!
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Quanto vai custar isso?
--
Estou fazendo o levantamento. Temos que pagar coquetel, floricultura,
cinegrafista, fotógrafo... E dar algum para a campanha do vereador. Amanhã, tenho
os custos fechados. O vereador tem pressa. Há outras pessoas interessadas e a
cota dele está no fim.
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Pau na máquina. Meu nome será aprovado por todos os vereadores?
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É. Eles têm um esquema entre eles. Uma mão lava a outra. Sabe como é? Aprovo sua indicação, você aprova a minha.
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Paciência, ninguém precisa saber que é tudo arranjado. Agora, não me falta mais nada, Almeida, posso viver em
paz. Resolva logo essa coisa. Cidadão da Cidade, quem diria?
OS - Atualizado em novembro de 2017)
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LEIA TAMBÉM
Não dou muita conversa para essa turma por uma simples e definitiva razão: o que eles têm a me dizer não me interessa, e o que tenho a lhes contar não interessa a eles.
Por Orlando Silveira, em "É simples assim"
https://orlandosilveira1956.blogspot.com.br/2017/11/e-simples-assim.html#comment-form
OS - Atualizado em novembro de 2017)
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Não dou muita conversa para essa turma por uma simples e definitiva razão: o que eles têm a me dizer não me interessa, e o que tenho a lhes contar não interessa a eles.
Por Orlando Silveira, em "É simples assim"
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