DILMA: CADÊ A TOMADA? |
A ALIENISTA
E
se essas coisas que Dilma Rousseff continua falando forem corretas
–
e os que não entendem nada do que ela diz forem os verdadeiros malucos?
Por
J. R. Guzzo
Veja.com/Fatos
30/08/2017
Tente entender alguma coisa do
conjunto de frases reproduzido nas linhas que se seguem. Elas foram ditas
exatamente como estão no texto abaixo, de uma enfiada só e pela mesma pessoa.
Não há nenhum corte, nem mudança de palavras, nem acréscimo. O que se lê é o
que foi dito.
“Bom,
eu estou vendo com, com, é, muita preocupação. Eu acho que o golpe que… um belo
dia eles deram o golpe… nós sabemos as razões. E a chamada, é, u, né, o reino
da selvageria. A gente tá vendo tudo isso… esse golpe tem desdobramento. Eu
acho que um dos desdobramentos desse golpe é u… u… o juiz que vai julgar, de
absurdos. Esse processo ele, ele tem também uma pessoa. Eles erraram de pessoa.
Tem um erro de pessoa. Porque eles foram mexer com uma pessoa porque não lhes
dão, não lhes dá a justiça do Power Point, ele, ele… o inocente.”
"NADA COMO DIALOGAR COM GENTE INTELIGENTE" |
Sim, a autora dessa oração é ela
mesma, Dilma Rousseff, numa espécie de reunião-entrevista em torno do
ex-presidente Lula, divulgada há pouco pela internet. A primeira reação é: e
daí? Nada disso faz nenhum nexo, é claro, mas que importância pode ter mais
esse angu de palavras, ruídos e nenhuma ideia? É só a Dilma falando de novo.
Alguma vez foi diferente do que é agora? Não, mas a cada vez que ela aparece
com uma performance do tipo transcrito acima, vai dando uma aflição cada vez
maior na gente. Basta pensar dois minutos. Durante cinco anos e meio, para não
falar no que já vinha de antes, o Brasil viveu a ficção de que era presidido
por uma pessoa basicamente normal. Meio atrapalhada, é óbvio, esquisitona, com
uns apagões repentinos no caminho que vai dos circuitos cerebrais até a voz. Às
vezes parecia engraçada – não seria um número humorístico? Na maioria das
vezes, quando falava em estoques de vento ou na conjugação da mandioca com o
milho, a reação de quem ouvia era: “Travou. Surtou. Descolou da nave-mãe”. Mas
fazia-se de conta, o tempo todo, que estava tudo bem.
Se isso é um comportamento normal por
parte de uma presidente da República, então alguma coisa está profundamente
errada com quem acha que não é. Dá o que pensar. E se Dilma estiver certa e
todos os que não entendem coisa nenhuma do que ela diz estiverem errados? De
quem é o desvario? O caso lembra a situação do dr. Simão Bacamarte, o herói de
“O Alienista” de Machado de Assis. O bom doutor, como se sabe, acaba por
colocar no hospício a população inteira de Itaguaí, por ter chegado à conclusão
que todo mundo tinha ficado louco – exceto ele próprio, o único apto a viver
solto. Estamos todos loucos e só Dilma está certa? Tudo é possível. Sempre vale
a pena lembrar, em todo caso, que no fim da história o dr. Simão acaba
aceitando a lógica das coisas e muda de ideia: manda soltar todo mundo, prende
a si mesmo e passa a ser o único morador do hospício.
Nenhum comentário:
Postar um comentário