Foto: arquivo Google |
PARABÉNS, BETE
Tomou
um banho demorado, como há muito não tomava. Colocou o melhor vestido que
tinha, fez as unhas das mãos e dos pés. Depois, ligou para a floricultura,
encomendou seis buquês de rosas carmim. Ditou o que deveria ser dito nos
cartões, todos anônimos e levemente eróticos. Acionou a melhor e única amiga
que tinha – antiga vizinha, velha colega de trabalho. Pediu sua ajuda. Gostaria
muito de receber telefonemas e e-mails nesta data querida. (A amiga não lhe
faltou.) Comprou o melhor bolo da padaria. Também providenciou brigadeiros, coxinhas
e refrigerantes. Não descuidou das velas.
Avisou
mamãe que o dia seria agitado. E foi. O telefone tocou inúmeras vezes.
Mensagens eletrônicas também chegaram, junto com o bolo da padaria e as flores.
Foi
o aniversário mais feliz de sua vida.
OS -
DEZEMBRO/2013
ATUALIZADO
EM SETEMBRO DE 2017
Ilustração: Hubpages.com |
AS ORGIAS DE IRENE
Aquele
apartamento da vida deu-se de forma gradual, mas inexorável. No início, era
negar um convite para ir aqui ou acolá. Desculpas inconvincentes? Paciência.
Com o passar do tempo, deixou de carregar a bateria do celular – hoje, para
ela, peça de museu. Largou as redes sociais. Ninguém mais liga para ela. Ela
também não liga para ninguém. Irene só usa a internet para comprar pizza aos
sábados. Aí, ela se farta e dorme. Melhor que sábado, só quinta. Madrugada de
farra. Põe dois para lá, dois para cá na vitrola, toma uísque com guaraná.
Carrega na maquiagem, o batom vermelho carmim não pode faltar. Faz cara de
puta. Trôpega, vai para o quarto curtir seu bacanal imaginário.
OS –
OUTUBRO/2015
ATUALIZADO
EM SETEMBRO DE 2017
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