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FALAR
A
poesia é, de fato, o fruto
de
um silêncio que sou eu, sois vós,
por
isso tenho que baixar a voz
porque,
se falo alto, não me escuto.
A
poesia é, na verdade, uma
fala
ao revés da fala,
como
um silêncio que o poeta exuma
do
pó, a voz que jaz embaixo
do
falar e no falar se cala.
Por
isso o poeta tem que falar baixo
baixo
quase sem fala em suma
mesmo
que não se ouça coisa alguma.
PERPLEXIDADES
a
parte mais efêmera
de
mim
é
esta consciência de que existo
e
todo o existir consiste nisto
é
estranho!
e
mais estranho
ainda
me é
sabê-lo
e
saber
que
esta consciência dura menos
que
um fio de meu cabelo
e
mais estranho ainda
que
sabê-lo
é
que
enquanto
dura me é dado
o
infinito universo constelado
de
quatrilhões e quatrilhões de estrelas
sendo
que umas poucas delas
posso
vê-las
fulgindo
no presente do passado
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