A popularidade de Temer está no fundo do poço. Mas ele tem votos no Congresso para concluir mandato Foto: arquivo Google |
O
PARADOXO TEMER
A
agenda de reformas do governo foi para o espaço.
A
economia dá sinais de recuperação simplesmente
porque
havia batido no fundo do poço
Por
Ricardo Noblat
noblat.oglobo.globo.com
20/09/2017
| 06h28
Estranho país, este. Estranhíssimo.
Contrariando as leis universais da política, à medida que Michel Temer perde
apoio popular crescem suas chances de completar o mandato que herdou da
ex-presidente Dilma Rousseff. Por suposto, deveria ser o contrário. Mas não
aqui.
O governo Temer tem a pior avaliação
da série histórica da pesquisa feita pelo Instituto MDA e divulgada desde 1998.
Na mais recente, que ouviu 2.002 pessoas de todas as regiões do país entre os
últimos dias 13 e 16, a aprovação do governo reduziu-se a 3,4%. Era de 10% em
fevereiro.
O que houve de fevereiro para cá? A
delação dos executivos do Grupo JBS. O presidente do grupo, o empresário Joesley
Batista, hoje preso, gravou Temer no porão do Palácio do Jaburu. Em seguida, a
Procuradoria Geral da República denunciou Temer por corrupção passiva.
A desaprovação do governo passou de 44% em fevereiro para os atuais 75%. Os que consideram o desempenho do
governo apenas regular são 18%
contra 39% em fevereiro. A avaliação
negativa do desempenho pessoal de Temer subiu de 62% para 84%. É um
desastre!
Nem por isso a situação de Temer
inspira maiores cuidados. Quase 70%
dos entrevistados disseram que não pretendem ir às ruas pedir a saída dele do
cargo. A razão? Para 50% dos
entrevistados, as pessoas perderam a esperança nos políticos que temos.
Quer dizer: à falta de quem preste,
fica Temer. Vida que segue. É por faltarem 12 meses e poucos dias para a
eleição do novo residente que a Câmara dos Deputados rejeitará a segunda
denúncia contra Temer por obstrução de justiça e organização criminosa.
A agenda de reformas do governo foi
para o espaço. A economia dá sinais de recuperação simplesmente porque havia
batido no fundo do poço. O mercado financeiro não quer saber de marolas. Uma
eventual queda de Temer provocaria um tsunami nos negócios. Bola pra frente.
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