Briga em famiglia: o que foi feito da grande amizade? |
PARA
LULA, SÓ É CRIMINOSO
QUEM
REVELA OS CRIMES DE LULA
Quanto
Sergio Moro aceitou a denúncia do MPF
que
tornou Palocci réu da Lava Jato, Lula declarou
que
o companheiro era uma flor de integridade
Por
Augusto Nunes
abril.veja.com.br/blog/augustonunes
15/09/2017
| 18h08
Prefeito
de Ribeirão Preto de 1993 a 1996, descobriu-se que Antonio Palocci andava
fraudando licitações para a compra de cestas básicas e cobrando mesadas de
empresas fornecedoras da administração municipal. Imediatamente, Lula garantiu
que Palocci jamais faria uma coisa daquelas. A demonstração de confiança foi
reiterada em 2002, quando o chefe ordenou ao prefeito que renunciasse ao
segundo mandato para comandar a coordenação financeira da campanha presidencial
que levaria ao poder o candidato do PT.
A
recusa dos primeiros da fila dos cotados para o cargo antecipou a chegada de
Palocci ao Ministério da Fazenda, onde brilhou até meados de 2006. Começou a
perder o emprego quando se descobriu que o manda-chuva da economia frequentava
assiduamente a mansão em Brasília conhecida como República de Ribeirão. O
ministro negou o status de freguês mais graduado do local reservado a festas
ornamentadas por belas mulheres e lobistas com prontuários assustadores.
Testemunha das constantes aparições do chefe, o caseiro Francenildo Costa
implodiu a versão anêmica. E entrou na mira da bandidagem.
À
caça de irregularidades que comprometessem a credibilidade de Francenildo, Palocci
encomendou o estupro do sigilo da conta que mantinha na Caixa Econômica
Federal. Imediatamente, Lula declarou que o grande companheiro jamais faria uma
coisa daquelas. Fracassadas as tentativas de mantê-lo no cargo, o presidente
caprichou na pose de viúva inconsolável ao despedir-se do parceiro a quem
conferiu o título de “melhor ministro da Fazenda que o Brasil já teve”.
Em
2009, quando o ministro Gilmar Mendes inventou o estupro sem estuprador para
absolver Palocci no julgamento do caso do caseiro pelo Supremo Tribunal
Federal, Lula lançou a candidatura do então deputado federal a governador de
São Paulo. Em 2010, o chefão decidiu que o ex-ministro seria muito mais útil no
papel de coordenador da campanha presidencial de Dilma Rousseff. Consumada a vitória
do poste, o fabricante ordenou-lhe que instalasse o craque em coleta de doações
eleitorais na chefia da Casa Civil.
Palocci
durou pouco no emprego. Soterrado por bandalheiras que transformaram em
multimilionário um despachante de negociatas fantasiado de consultor de
negócios, foi despejado do 4° andar do Planalto em 7 de junho de 2011. Lula
repetiu que o companheiro era inocente. Em novembro de 2016, quando Sergio Moro
aceitou a denúncia do Ministério Público Federal que incluiu o ex-ministro entre
os réus da Lava Jato. Lula solidarizou-se com o “exemplo de integridade”.
O
ex-presidente repetiu a afirmação em junho passado, depois da condenação de
Palocci a 12 anos de cadeia, e derreteu-se em elogios em sucessivas
entrevistas. Numa delas, protestou contra a injustiça perpetrada contra “um dos
homens mais inteligentes, leais e respeitáveis” que já conheceu. Também por
isso, jurou que não lhe tirava o sono uma possível delação premiada do parceiro
acusado por executivos da Odebrecht de administrar pessoalmente a conta de Lula
no Departamento de Propinas da empreiteira. Ninguém mais qualificado do que o
Italiano para lidar com a fortuna à disposição do Amigo.
Nesta
quarta-feira, no segundo encontro com Sergio Moro em Curitiba, Lula mudou de
ideia. Ainda grogue com as revelações de grosso calibre feitas por Palocci na
semana anterior, enxergou no velho companheiro um “mentiroso, simulador,
calculista e frio”. O setentão corrupto condenado a 9 anos e meio de gaiola
anda enxergando as coisas pelo avesso. O Palocci que mentia para protegê-lo é
que se encaixa nos adjetivos que agora usa. Tornou-se um perigo ambulante ao
começar a contar a verdade.
A
discurseira do ex-presidente a caminho da morte política também confirmou que
os devotos da seita se curvam sem miados a uma regra que contém apenas uma
exceção. A regra: “Todo petista é inocente, seja qual for o crime que tenha
cometido”. A exceção: “Não haverá perdão para quem cometer o crime de revelar
os crimes do mestre”.
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