Para o chefe do bando, o pior já passou |
QUEM
SE IMPORTA
COM
A ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA?
Ninguém
parece se importar com o fato de que os personagens
que
a Procuradoria denuncia como criminosos são os mesmos
que
conduzem, a partir do Planalto, os negócios bilionários do Estado
Por Josias
de Souza
UOL –
16/09/2017 | 00:30
O
Brasil tornou-se um país paradoxal. Em nova denúncia contra Michel Temer a
Procuradoria sustenta, com base em indícios consistentes, que o grupo político
que governa o país é uma “organização criminosa”. Simultaneamente, o mercado
financeiro comemora altas históricas. A Bolsa de Valores está eufórica com a
notícia de que não há a mais remota chance de a Câmara autorizar o Supremo
Tribunal Federal a investigar a quadrilha que a Procuradoria enxerga no
Planalto.
Agarrado
à poltrona, Temer alardeia que o pior da crise já passou. Além da alta na
bolsa, há a inflação baixa, os juros de um dígito e um ambicioso programa de
privatizações — coisa igual não se via há uma década e meia. Quer dizer: exceto
pelos 13 milhões de desempregados que não sabem o que é Bolsa de Valores,
nenhum brasileiro pode deixar de ser otimista.
É
claro que uma delação do Geddel Vieira Lima pode reverter o otimismo. Mas, por
ora, ninguém parece se importar com o fato de que os personagens que a
Procuradoria denuncia como criminosos são os mesmos que conduzem, a partir do
Planalto, os negócios bilionários do Estado.
Denunciados
junto com Temer, os ministros palacianos Moreira Franco e Eliseu Padilha têm
voz ativa, por exemplo, na venda de estatais e na concessão de aeroportos e
rodovias. Mantê-los em posições tão estratégicas sem uma sentença que os redima
é mais ou menos como colocar gato para vigiar sardinhas. Mas quem se importa?
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