PESCARIA
Cochilo.
Na linha
eu
ponho a isca de um sonho.
Pesco
uma estrelinha.
O HAIKAI
Lava,
escorre, agita
a
areia. E, enfim, na bateia
fica
uma pepita.
ROMANCE
E
cruzam-se as linhas
no
fino tear do destino.
Tuas
mãos nas minhas.
HORA DE TER SAUDADE
Houve
aquele tempo...
(E
agora, que a chuva chora,
ouve
aquele tempo!)
HISTÓRIAS DE ALGUMAS VIDAS
Noite.
Um silvo no ar.
Ninguém
na estação. E o trem
passa
sem parar.
OS ANDAIMES
Na
gaiola cheia
(pedreiros
e carpinteiros)
o
dia gorjeia.
INFÂNCIA
Um
gosto de amora
comida
com sol. A vida
chamava-se
"Agora".
O PENSAMENTO
O
ar. A folha. A fuga.
No
lago, um círculo vago.
No
rosto, uma ruga.
TRISTEZA
Por
que estás assim,
violeta?
Que borboleta
morreu
no jardim?
NOTURNO
Na
cidade, a lua:
a
jóia branca que bóia
na
lama da rua
Guilherme de
Almeida foi advogado, jornalista, poeta, ensaísta e
tradutor. Nasceu em Campinas (SP), em 24 de julho de 1890, e faleceu na capital
paulista, Em 1930, foi eleito para a Academia Brasileira de Letras. Destacou-se
também como heraldista. É autor dos brasões-de-armas de várias cidades. Em
concurso organizado pelo Correio da
Manhã foi eleito, em setembro de 1959, “Príncipe
dos Poetas Brasileiros”. Haicai
é um poema de origem japonesa, de três versos, que chegou ao Brasil no início
do século 20. Guilherme de Almeida
começou a escrever haicais em 1936, ano de seu encontro com o cônsul japonês no
Brasil, Kozo Ichige.
LEIA TAMBÉM
Bete providenciou tudo sozinha: bolo, salgadinhos,
vela, flores e mensagens. Foi o aniversário mais feliz de sua vida.
Por Orlando Silveira
https://orlandosilveira1956.blogspot.com.br/2017/09/quase-historias-solidao.html#comment-form
Nenhum comentário:
Postar um comentário