Temer e Congresso, Congresso e Temer: uma mão suja a outra |
MÃOS
SUJAS
Sem
maioria no Congresso nenhum presidente governa.
Mas nenhum Congresso integrado
por tantos pecadores
como este é capaz de salvar-se sem um aliado na
presidência
Por
Ricardo Noblat
22/09/2017
- 04h42
Destina-se
a produzir espuma e mais nada a segunda denúncia por corrupção contra o presidente
Michel Temer remetida, ontem, à Câmara dos Deputados pelo Supremo Tribunal
Federal (STF).
Não
que se trate de uma denúncia vazia. Não é. E assim o demonstrou fartamente o
voto do ministro Luís Roberto Barroso, na linha do voto do relator do caso, o
ministro Edson Fachin.
Haveria
razões de sobra para que fosse aprovada na Câmara. Ao STF, depois, caberia
examiná-la e decidir por seu acolhimento ou não. Uma vez acolhida, Temer
responderia a processo.
Falta
à Câmara, porém, sensatez, espírito público e compromisso com a busca da
verdade. Sobra medo. Preferirá pela segunda vez a solução de deixar no poder um
presidente sob suspeita.
O
que seria pior? Permitir que a Justiça investigasse um presidente alvo de tão
graves acusações? Ou condenar o país à incerteza sobre se permanecerá sendo
governado por um criminoso ou inocente?
A
escolha da Câmara já foi feita. Não haverá, ali, os 342 votos necessários para
a aprovação da denúncia. Temer, de fato, é refém do Congresso. Mas o Congresso
é também refém dele.
Sem
uma larga maioria de votos no Congresso nenhum presidente governa. Mas nenhum
Congresso integrado por tantos pecadores como este é capaz de salvar-se sem um
aliado na presidência.
Um
presidente pode muito – e mesmo sem apoio popular, Temer tem demonstrado que
pode. Uma mão, portanto, lavará a outra. Ao fim e ao cabo, as duas continuarão
sujas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário