Temer para Geddel: "Bom trabalho, guri" Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles |
CORRUPÇÃO
VIRA ATRAÇÃO
TURÍSTICA
EM BRASÍLIA
A
maioria dos deputados, com códigos de barras na lapela,
representa o próprio
bolso, não os eleitores
Por Josias
de Souza
UOL –
21/09/2017
O
placar foi esmagador. Por 10 votos a 1, o Supremo Tribunal Federal enviou à
Câmara a segunda denúncia da Procuradoria contra Temer. O presidente é acusado
agora de compor uma organização criminosa e de obstruir a tentativa da Justiça
de desbaratar essa quadrilha. Em qualquer outro pedaço do planeta, um caso
assim paralisaria um país. No Brasil, isso não significa nada. Todos sabem que
esse processo, natimorto, será abortado na Câmara.
A
Constituição foi sábia ao condicionar um processo penal contra o presidente da
República ao aval da Câmara. A ideia básica é injetar povo no processo. E quem
representa o povo no Congresso, em tese, é a Câmara. No nosso sistema
legislativo bicameral, o Senado representa os Estados da federação. O diabo é
que o sistema faliu. A maioria dos deputados, com códigos de barras na lapela,
representa o próprio bolso, não os eleitores.
A
corrupção pode ganhar um novo proveito em Brasília: virou atração turística,
como os monumentos de Niemeyer. Temer falou em Nova York que é culpado por
associação. Disse o presidente: “Você encontra pessoas que tiram fotos com
você, convivem com você, e aí praticam um ilícito qualquer. E você também vira
delituoso.” Faz sentido.
Temer
faz pose na companhia de ministros denunciados junto com ele como se posasse ao
lado da cratera do Vesúvio, onde o perigo é apenas presumido. O problema é se
os amigos presos do presidente, como Geddel Vieira Lima, resolverem entrar em
erupção.
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