Ilustração: arquivo Google |
CENAS
DE REALISMO FANTÁSTICO NO BRASIL
A
República Bananeira do Brasil se converteu
numa
gigantesca vergonha planetária
Por
Lenardo Attuch
Isto
É Digital
15/09/2017
– 18h
Michel
Temer não deixa de ter certa razão ao dizer que o Brasil vive momentos de
realismo fantástico. Eis alguns exemplos:
> A
Polícia Federal e a Procuradoria-Geral da República apontam que a República
Bananeira do Brasil é governada por uma quadrilha, chefiada por Temer e
integrada pelos ministros Eliseu Padilha e Moreira Franco, e não se ouvem
panelas. Detalhe: os desvios teriam somado R$
587 milhões nos últimos anos. Pouca coisa.
> Um
dos integrantes dessa quadrilha, Geddel Vieira Lima, pivô da maior apreensão de
dinheiro sujo da história do Brasil, com os R$ 51 milhões encontrados no seu bunker em Salvador, pede prisão
domiciliar. O motivo? O risco de ser estuprado na penitenciária da Papuda.
>
Ministro da Fazenda de um governo rejeitado por mais de 90% dos brasileiros, Henrique Meirelles diz que a denúncia do
quadrilhão não impede a aprovação da reforma da Previdência, também amplamente
rejeitada por esse sujeito irrelevante da história brasileira chamado povo. E
mais: Meirelles se lança à Presidência apostando na recuperação da economia —
uma alta de impressionantes 0,2% do
PIB!
>
Responsável pela denúncia do quadrilhão, o procurador Rodrigo Janot afirma que
o impeachment teve como principal motivação estancar a sangria da Lava Jato,
sendo, portanto, um golpe a favor da corrupção — aliás, como já havia sido dito
pelo senador Romero Jucá (PMDB-RR). No mesmo dia, no entanto, ele se posiciona
contra a anulação desse processo. Ou seja: foi golpe, mas dane-se.
>
Adversário de Janot, o ministro Gilmar Mendes afirma que o Ministério Público
vive um estado de putrefação, mas, no dia do julgamento da suspeição do
procurador-geral no Supremo Tribunal Federal, ele não comparece, alegando
compromissos mais importantes. Gilmar também diz ter certeza de que foi gravado
pelo empresário Joesley Batista sobre patrocínios ao seu Instituto de Direito
Público.
Leonardo Attuch é jornalista |
>
Depois de terem assinado um acordo com a Procuradoria-Geral da República, os
irmãos Joesley e Wesley Batista, donos da JBS, são presos. Ou seja: o Estado
brasileiro roeu a corda e quebrou um contrato com dois de seus colaboradores.
> O
ministro da Agricultura, Blairo Maggi, é também acusado de ter pago mesadas a
deputados, de obstruir a Justiça e de ter comprado conselheiros do Tribunal de
Contas do seu estado, mas nada acontece. Ele continua ministro.
>
Políticos moralistas que há pouco tempo diziam ter sido derrotados por uma
organização criminosa se calam sobre o quadrilhão que governa o País.
Macondo,
de fato, não seria páreo para o realismo fantástico brasileiro. Todos os
exemplos acima são pequenos fragmentos que mostram como as instituições estão
funcionando perfeitamente no Brasil — o País que se converteu numa gigantesca
vergonha planetária.
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