O NOME
(Por Violante Pimentel) Joaquim
realizou o antigo sonho de se mudar para o Brasil, onde tentaria ganhar a vida.
Juntou todas as suas economias e se estabeleceu numa capital nordestina. Seu
primeiro empreendimento foi uma padaria, mas não deu certo. Abriu um
mercadinho, também não deu certo. Como a cidade tinha um elevado índice de
prostituição, Joaquim conseguiu um sócio e os dois investiram num motel, ao
qual deram o nome “fantasia” de “Motel Nossa Senhora dos Prazeres”.
O
nome provocou a revolta da população católica da cidade, e o Clero impetrou um
mandado de segurança, obtendo o fechamento imediato do motel. Dois anos depois,
Joaquim resolveu investir novamente num motel.
Após
ouvir a opinião de alguns amigos, o proprietário resolveu “batizar” o novo
motel com um nome que não tivesse qualquer relação com santos, anjos ou
arcanjos. Dessa forma, estaria evitando um novo problema com a população
católica e com a Igreja. Tomou, então,
as medidas necessárias, para instalação do novo empreendimento, e marcou a data
da inauguração. Para garantir o sucesso do evento, expediu, previamente, convites
e cortesias, para as pessoas mais influentes da cidade, especialmente os
homens.
Joaquim
guardou segredo quanto ao nome do novo motel, deixando para revelá-lo na
ocasião da inauguração. Tinha certeza de que, desta vez, seria um sucesso.
No
dia da inauguração, a cidade amanheceu com diversos “outdoors” espalhados em
suas ruas, onde se podia ler a seguinte frase: “PAI, LEVA A MÃE TAMBÉM PARA O
MOTEL…” As pessoas conservadoras não gostaram desse apelo e se posicionaram
contra a irreverência do proprietário.
Violante Pimentel é procuradora
aposentada do Rio Grande do Norte
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Chegou
a hora da inauguração, que foi bastante prestigiada. Quase todas as pessoas
convidadas se fizeram presentes.
Iniciada
a solenidade, houve o descerramento da cobertura da grande placa luminosa, onde
se destacava o sugestivo nome do novo empreendimento de Joaquim: "MOTEL
FADOS E FODAS". Como Joaquim era português, quis homenagear a música de
sua terra, o fado, sem atentar para o fato de que a palavra "Fodas",
no Brasil, poderia ser interpretada como
uma palavra obcena e desrespeitosa. As pessoas presentes não contiveram o riso,
ao aparecer o nome do motel, iluminado e em letras garrafais.
Mais
uma vez, o empreendimento de Joaquim foi de "água abaixo." A
população conservadora da cidade ficou, novamente, indignada com o nome do
motel, e o considerou um desrespeito às famílias decentes. Houve um
“abaixo-assinado” encaminhado à autoridade competente, e a história se repetiu,
sendo novamente determinado o imediato fechamento do motel. Para desespero de
Joaquim, o “MOTEL FADOS E FODAS” funcionou apenas vinte e quatro horas.
Um
fracasso total, somente por causa do nome…
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