tvjagaui.com.br |
Cumprira rigorosamente o ritual: dera banho no pai, enxugara o pai, colocara a roupa no pai, passara creme hidratante nas pernas do pai e pomada nos ferimentos (o pai caía muito), dera os comprimidos para “administrar” o Parkinson, pingara os colírios etc. Só faltava colocar os sapatos. Mas faltava um sapato. Vasculhou a casa toda. Em vão.
A empregada chegou, fez o café, mimou o pai e disse ao filho que ficasse tranquilo, fosse escrever seus textos, cuidar da vida. Na hora da faxina, ela daria uma
geral e encontraria o sapato fujão. Também não encontrou.
No dia seguinte, o pai pediu ao filho que fosse até a biblioteca,
abrisse a gaveta tal e pegasse alguns reais num envelope pardo para comprar
umas miudezas. O fujão estava lá.
-- Pai, o senhor esteve ontem na biblioteca?
-- Acho que estive. Por quê?
-- Seu sapato estava lá, na gaveta. Quem o colocou ali?
-- Não sei. Eu é que não fui. (OS - 2014)
Amo esse filho carinhoso, desse pai merecedor das atenções e do amor que lhe são dispensadas! Aprendo com vc, querido amigo, e me preparo , com um grande professor, para cumprir a minha parte, quando a hora chegar!
ResponderExcluirMarlene, quem me dera ser tão bom quanto você me pinta! Tenho perdido muiito a paciência. É difícil saber onde termina a demência e começa a teimosia. Enfim, faço o que posso, menos do que deveria, mais do que suporto. Mas ele merece. Obrigado, beijo.
Excluir