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OLHA A GRAVATA, GENTE!
Já
fui festeiro. Hoje, agradeço aos céus quando não me convidam para nada. Festas,
em geral, são insuportáveis. A começar pelos casamentos. Não pensem que
desgosto de gente. Ao contrário. Mas prefiro encontros informais, papos com
amigos, cerveja gelada, bermuda e camisetas surradas. Gosto mesmo é do conforto
que apenas os legítimos botecos nos propiciam. São raras as pessoas que vão às
festas para se divertir. Vão é para botar reparo nos outros e ter assunto para
os dias seguintes. Línguas de trapo.
Minha
ojeriza a festas também tem motivação econômica. Elas custam muito caro – para
quem banca e também para quem vai. Ainda mais se o convidado for um sem terno
como eu. Usei tal vestimenta poucas vezes na vida. Não me arrependo. Quando me
convidam para comemorar bodas disso ou daquilo, sei que terei gastos
desnecessários pela frente. Aonde irei depois com o traje de festa? No boteco
da esquina é que não haverá de ser. Os amigos me virariam as costas.
Se
os nubentes forem gente de posse e a festa, chique, os custos serão imensos.
Você gastará muito além de suas posses, estourará o cartão de crédito,
comprometerá as finanças por seis meses. No mínimo. Tudo isso para quê? Para
passar por mendigo. Ou você acha mesmo que sua mulher fará grande sucesso com o
pretinho básico emprestado pela prima? Ou que a panela de pressão era o sonho de
consumo do casal?
Se
a festa for de pobre, seus gastos serão menores, evidentemente. Mas, acautele-se.
Não há milagre capaz de livrá-lo de torrar o dinheirinho da feira de domingo
com a aquisição forçada de um pedaço de gravata. Francamente! Se a gravata
ainda fosse do noivo, menos mal. Mas, não. Há sempre um tio ou primo disposto a
se livrar de seu pedaço de pano puído para que os pombinhos tenham uma lua de
mel feliz.
Ponha
todas as despesas na ponta do lápis. Não se esqueça dos gastos de sua esposa
com o chá de panela. A conclusão será inevitável: você nunca pagou tão caro por
chope quente (isso quando o “loiro” não acaba no meio da festa) e salgadinhos
encharcados de óleo. E frios. Vale a pena? Não vale. (outubro/2013)
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