terça-feira, 26 de abril de 2016

QUASE HISTÓRIAS (LIV)

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INTERNET


OLHA A GRAVATA, GENTE!

Já fui festeiro. Hoje, agradeço aos céus quando não me convidam para nada. Festas, em geral, são insuportáveis. A começar pelos casamentos. Não pensem que desgosto de gente. Ao contrário. Mas prefiro encontros informais, papos com amigos, cerveja gelada, bermuda e camisetas surradas. Gosto mesmo é do conforto que apenas os legítimos botecos nos propiciam. São raras as pessoas que vão às festas para se divertir. Vão é para botar reparo nos outros e ter assunto para os dias seguintes. Línguas de trapo.

Minha ojeriza a festas também tem motivação econômica. Elas custam muito caro – para quem banca e também para quem vai. Ainda mais se o convidado for um sem terno como eu. Usei tal vestimenta poucas vezes na vida. Não me arrependo. Quando me convidam para comemorar bodas disso ou daquilo, sei que terei gastos desnecessários pela frente. Aonde irei depois com o traje de festa? No boteco da esquina é que não haverá de ser. Os amigos me virariam as costas.

Se os nubentes forem gente de posse e a festa, chique, os custos serão imensos. Você gastará muito além de suas posses, estourará o cartão de crédito, comprometerá as finanças por seis meses. No mínimo. Tudo isso para quê? Para passar por mendigo. Ou você acha mesmo que sua mulher fará grande sucesso com o pretinho básico emprestado pela prima? Ou que a panela de pressão era o sonho de consumo do casal?

Se a festa for de pobre, seus gastos serão menores, evidentemente. Mas, acautele-se. Não há milagre capaz de livrá-lo de torrar o dinheirinho da feira de domingo com a aquisição forçada de um pedaço de gravata. Francamente! Se a gravata ainda fosse do noivo, menos mal. Mas, não. Há sempre um tio ou primo disposto a se livrar de seu pedaço de pano puído para que os pombinhos tenham uma lua de mel feliz. 

Ponha todas as despesas na ponta do lápis. Não se esqueça dos gastos de sua esposa com o chá de panela. A conclusão será inevitável: você nunca pagou tão caro por chope quente (isso quando o “loiro” não acaba no meio da festa) e salgadinhos encharcados de óleo. E frios. Vale a pena? Não vale. (outubro/2013)



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