segunda-feira, 18 de abril de 2016

COISAS DA VIDA

ALIANÇA PARA O PROGRESSO III-



A COMADRE

                                                                                                       
(Por Violante Pimentel) Durante a vigência do amplo programa cooperativo “Aliança para o Progresso”, proposto oficialmente pelo então presidente dos Estados Unidos, John F. Kennedy, no seu discurso de 13 de março de 1961, muitas coisas aconteceram no Rio Grande do Norte, incluindo coisas boas e também hilárias.ALIANÇA PARA O PROGRESSO III.

Esse programa foi lançado durante uma recepção aos embaixadores latino-americanos, na Casa Branca, e visava acelerar o desenvolvimento econômico e social da América Latina, como também evitar o avanço do comunismo nesse continente. A Aliança para o Progresso duraria 10 anos, projetando-se um investimento de 20 bilhões de dólares, principalmente da responsabilidade dos Estados Unidos, mas também com a participação de diversas organizações internacionais, países europeus e empresas privadas.

Na fase inicial da vigência da Aliança para o Progresso, Kennedy e a bela esposa Jacqueline representavam, para o povão,  o que hoje poderia se chamar de “Casal 20”. Aparentemente apaixonados, eram bonitos e poderosos. Seus posters e fotos serviam de decoração na casa de seus fãs, principalmente dos mais humildes. Havia um fanatismo generalizado pelo famoso casal.

Nas cidades do interior, tornou-se um fato comum casais humildes e analfabetos convidarem Kennedy e Jaqueline para padrinhos de batismo de seus filhos recém-nascidos. Esses convites eram, enganosamente, “encaminhados” ao ilustre casal americano, conforme promessa de algum político ou assessor inescrupuloso. No dia e hora marcados para o batizado, esse emissário chegava à Igreja. Muito compenetrado, trazia em mãos uma procuração duvidosa, com as "assinaturas" de Kennedy e Jacqueline, dando-lhe poderes para os representar naquele evento religioso. O pseudo representante do ilustre casal, além de trazer em mãos a procuração, ainda apresentava ao padre a justificativa de que compromissos superiores haviam impedido o comparecimento dos padrinhos Kennedy e Jacqueline. O batizado era realizado, e o vínculo entre os compadres e comadres, na boa-fé dos matutos, valia para sempre. Os humildes casais sentiam-se orgulhosos por terem como padrinhos de seus filhos, o belo e importante casal americano. Muitos meninos e meninas receberam os nomes de "Jonkendi" e "Jaque".


Violante Pimentel é procuradora 
aposentada do Rio Grande do Norte


Quando houve a tragédia do assassinato de Kennedy, no dia 22 de novembro de 1963, uma das “comadres” de Kennedy e Jacqueline, moradora da zona rural de Nova-Cruz (RN), ao saber da dolorosa notícia, ficou inconsolável, em estado de choque, e sofreu uma crise histérica!!!

Completamente fora de si, a mulher teve que ser transportada para o Posto de Saúde de Nova-Cruz, onde recebeu atendimento médico de urgência.  De longe, podiam-se ouvir os gritos desesperados e repetitivos da comadre:

-“Meu Deus, “cuma” estará “cumade” Jacqueline???” “Cuma” estará “cumade” Jacqueline???”
O quadro depressivo da mulher agravou-se e a comadre  precisou ser transportada para um hospital psiquiátrico da capital…    

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