domingo, 24 de abril de 2016

HORA DA VITROLA: SAMBA DE BREQUE (MOREIRA DA SILVA)



ACERTEI NO MILHAR
De Wílson Batista e Geraldo Pereira


- Etelvina!
- O que é, Morengueira?
- Acertei no milhar
Ganhei 500 milhas
Não vou mais trabalhar
Você dê toda a roupa velha aos pobres
E a mobília podemos quebrar
Isto é pra já
Vamos quebrar

Pegou um móvel bacana a bessa
Jogou na parede
- Pode quebrar minha filha
O pai tá com tudo
Nota de mil que é bom
Tá morando aqui no buraco do pano
Quer ver? Não tiro porque não fica bem

Etelvina
Vai ter outra lua-de-mel
Você vai ser madame
Vai morar no Palace Hotel
Eu vou comprar um nome não sei onde
De Marquês Moringueira de Visconde
Um professor de francês, mon amour
Eu vou trocar seu nome
Pra madame Pompadour
Até que enfim agora eu sou feliz
Vou passear Europa toda até Paris

E nossos filhos?
- Oh, que inferno!
Eu vou pô-los num colégio interno
Telefone pro Mané do armazém
Porque não quero ficar
Devendo nada a ninguém
E vou comprar um avião azul
Para percorrer a América do Sul

Mas de repente, de repenguente
Etelvina me chamou
Está na hora do batente
Mas de repente
Etelvina me chamou
Disse: Acorda Vargolino
Mete os peitos pelos fundos
Que na frente tem gente

Foi um sonho, minha gente!


FUI AO DENTISTA
De Cícero Nunes e Sebastião Fonseca



Fui ao dentista, pra chumbar uma panela,
Mas o gajo achou que ela, não podia obturar.
Ele me disse, "vou mudar toda a mobília,
Tu vais ver que maravilha, Morengueira vai ficar.
Arranco tudo, arranco até o maxilar..."
- Mas, doutor, o que está me doendo é o pré-molar.
Eu acho que vou ter um atrito com o senhor... -
Mas quando eu vi o boticão que ele trazia,
Minha tripa ficou fria, começou a tremedeira.
Quem foi que disse que o papai a boca abria,
Pra espetar a anestesia, na gengiva do Moreira.

Mas tem que ser, queira ou não queira.
Em vista disso, pra acabar com o meu berreiro,
O doutor me deu um cheiro, e eu ferrei numa soneca
E quando acordo, nem te conto camarada,
Minha boca está chupada, e a gengiva está careca.

Meu panelão levou a breca...
Enquanto espero, se a gengiva murcha e seca,
Pra mudar a perereca, provisória no bocão.
Tudo o que é efe, sai comprido, sai soprado,
Que até fico encabulado, com tamanha assopração:

Farora fofa faz fofoca no feijão.





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