Digam o quiserem, mas é inegável: os tempos melhoraram muito. Ao menos
no que se refere àquele período que antecede o casamento. Hoje, qualquer um vai
à loja indicada pelos noivos, compra o que pode, escolhe uma mensagem já feita,
paga e vai embora pra casa esperar o dia de ralar o bucho na festa dos
nubentes.
Mas nem sempre foi essa moleza. Sou de um tempo em que, um mês antes
de casório, noivo e noiva – e suas respectivas mães, evidentemente, porque
aonde uma sogra vai a outra vai atrás – eram obrigados a esperar os convidados,
para receber presentes e lhes mostrar o ninho dos pombinhos. Em geral, o
expediente era de segunda a segunda. Nos finais de semana, a jornada era dupla.
Caceteação sem fim. Peguei nojo de Martini doce e amendoins.
Muitos presentes nos deixavam – convidados e noivos – absolutamente
constrangidos. Afinal, não se tem notícia de casal que precise de treze ferros
de passar roupa, onze jogos de café, sete batedeiras de bolo, onze
liquidificadores, meia dúzia de vassouras mágicas e tralhas afins. E ficava
tudo ali: em cima da cama do casal. Pra todo mundo ver. E especular: “Quem deu
isso, quem deu aquilo?”
Mas há convidados criativos. São os piores. Sabiá e eu ganhamos um
treco cujo nome até hoje ignoro. Era uma roda de latão apoiada num suporte. Um
porrete com a ponta envolta em feltro acompanhava a engenhoca. Um gongo. Foi um
susto. Afinal, que serventia tinha aquilo? “É para chamar os criados”,
esclareceu o parente distante, metido a chique.
Usamos muitas vezes o porrete para chamar os criados. Que jamais nos
obedeceram. Nunca tivemos dinheiro para contratá-los... (OS - 2013)
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