PAPINHO COM PEDRO,
O SANTO
- Pois é, seu Pedro. Ela ia e vinha, vinha e ia, na sua labuta
diária: batia o lixo, dava alpiste aos passarinhos, trocava os lençóis, limpava
a louça, e eu ali, quase morto, fingindo desinteresse, fumando meu cigarrinho
de aposentado. Sabe como é – não sabe, não? Olho grande, espichado nela. Redondinha
que só. Bateu vontade, muita vontade, quase fome. Veio o tal do mal súbito...
Estou aqui. É isso. Nada mais a declarar. Morri de tesão.
- Bela morte. Você é um abençoado. Para onde você quer ir: céu,
purgatório?
- Pra casa. Preciso dar serventia ao desejo. (OS – 2016)
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