Relembrando Mauricy Moura
Nascido em São Vicente – SP, se vivo,
o intérprete completaria 90 anos em 2016
Hoje estava a passear pelas redes sociais e me deparei com um álbum do saudoso Mauricy Moura, cantor que se vivo estivesse estaria completando nove décadas de existência ao longo deste ano. Então, resolvi trazer ao longo deste mês nomes da nossa música que não merecem estar no ostracismo que hoje se encontram. Selecionei, dentre tantos, quatro nomes para abordar ao longo deste mês que tiveram seus momentos de ascensão dentro do nosso cancioneiro e hoje infelizmente são lembrados apenas pelos saudosistas como eu, que procuro garimpar materiais e nomes que, de um modo ou de outro, caíram no limbo do esquecimento (característica infelizmente tão constante em nosso país).
Mas vamos ao que de fato interessa: rememorar a boa música e os grandes intérpretes do nosso país. Como primeiro nome série de saudosos e esquecidos cantores relembro o nome deste intérprete paulista que que começou a carreira participando de distintos programas de rádio (a exemplo do "Programa de Dª. Dindinha Sinhá", na Rádio Atlântica, de Santos) e teve, ainda na infância, como sua primeira grande incentivadora a própria mãe, que segundo dizem possuía profundos conhecimentos da arte vocal. Essa característica que fazia parte de sua mãe talvez tenha corroborado de modo significativo para que ela estimulasse Mauricy a participar juntamente ao irmão Maurício a participar do Conjunto Calunga (Tal grupo, além dos irmãos Moura, era formado por Gentil da Silva, Edésio Resende e Jarina Resende, depois substituídos por Avelino Tomaz e Rachel Tomaz). Foi a partir da experiência neste grupo que profissionalizou-se como solista do conjunto e, posteriormente, começou a apresentar-se em distintos espaços, além de diversos outros programas de rádio.
Sempre orientado por Dona Georgina (sua mãe), o ainda menor Mauricy apresentou-se em locais como o antigo Cassino Ilha Porchat (sob autorização do juiz de menores para abrilhantarem as noitadas) e outros “shows” por esse Brasil afora. Com a dissolução do conjunto, Cicica (como o artista era carinhosamente chamado) ingressou na Rádio Atlântica de Santos. Nesse período tem a oportunidade de ir para São Paulo pelas mãos do "caboclinho do Brasil" Silvio Caldas para fazer parte do “cast” da Rádio Excelsior. Posteriormente vai para a Rádio Record, onde tem a oportunidade de conquistar o famoso troféu “Roquete Pinto” como revelação do ano. A sua estreia em disco se deu em 1952, pela Sinter, gravando dois sambas-canção: "Maria da Piedade", de Evaldo Rui, e "Não digas nada", de David Raw e Victor Simon. Em gravações posteriores teve o acompanhamento de nomes como os dos maestros Lírio Panicalli e Guerra Peixe. Dentre suas façanhas chegou a registrar, como intérprete, canções de autores como Newton Mendonça, Blota Jr, Evaldo Rui, Hervê Cordovil, Vinícius de Moraes, João Pacifico, Adoniran Barbosa, Cyro Monteiro, Edith Piaff e Lupicínio Rodrigues. Foi o responsável pelo primeiro registro em disco do até então desconhecido compositor Antonio Carlos Jobim, assim como também pelo registro de clássicos do nosso cancioneiro como "Meus tempos de criança" e "Chove lá fora", clássico de Tito Madi dentre os mais de quinze discos que deixou gravados.
Por essas e outras Mauricy Moura acabou tornando-se um dos mais expressivos nomes da noite de sua época e não merece o ostracismo que hoje encontra-se. Não havia dentro da noite paulistana um notívago boêmio que o desconhecesse. Segundo consta em alguns depoimentos, suas apresentações eram marcantes, pois quando soltava a sua voz o silêncio se impunha e o barulho desaparecia. Não era à toa que era considerado por Silvio Caldas, Alfredo Borba, Ciro Monteiro, Elizeth Cardoso, Evaldo Rui, Wilson Batista e outros cultores da nossa música, como o mais completo seresteiro do Brasil.
Por essas e outras Mauricy Moura acabou tornando-se um dos mais expressivos nomes da noite de sua época e não merece o ostracismo que hoje encontra-se. Não havia dentro da noite paulistana um notívago boêmio que o desconhecesse. Segundo consta em alguns depoimentos, suas apresentações eram marcantes, pois quando soltava a sua voz o silêncio se impunha e o barulho desaparecia. Não era à toa que era considerado por Silvio Caldas, Alfredo Borba, Ciro Monteiro, Elizeth Cardoso, Evaldo Rui, Wilson Batista e outros cultores da nossa música, como o mais completo seresteiro do Brasil.
Mauricy morreu aos 51 anos de idade no Hospital Santa Verônica em São Paulo, a 23 de agosto de 1977. Partiu fora do combinado como costuma dizer o nosso magnânimo Rolando Boldrin, deixando saudosos fãs de suas interpretações e uma indelével marca dentro do cancioneiro popular brasileiro ao longo de quase quatro décadas de carreira. Aproveitando a oportunidade de relembrar esse saudoso intérprete deixo aqui para os amigos leitores duas canções registradas magistralmente pelo saudoso intérprete. A primeira trata-se de “Meus tempos de criança”, canção da lavra do não menos saudoso Ataulfo Alves. Faz-se vale a divulgação desta gravação por ser do artista, a primeira gravação desta música:
A segunda canção trata-se de “Somos iguais”, gravação de 1964 (mesmo ano do registro de Altemar Dutra). A canção foi composta por Evaldo Gouveia e Jair Amorim. É válido o registro de que os arranjos, a flauta e o piano são do alquimista sonoro Hermeto Pascoal:
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