05/03/2016
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OPINIÃO
O XEQUE-MATE DA JUSTIÇA E A AULA MAGNA DE CINISMO
Gerado no peleguismo sindical, amamentado no colo da ditadura,
amadurecido nos braços das esquerdas na redemocratização,
a Lula só faltava a chave do cofre
(Por Valentina de Botas) Lindo
dia este em que o país indignado assistiu eufórico à aula prática de civilidade
a que o rei da era da canalhice foi submetido. Num xeque-mate, o juiz Sergio
Moro aplicou uma lição simples: a de que ninguém está acima da lei. O jeca e
respectivos devotos, refratários a essa luz civilizatória mínima para qualquer
país se viabilizar, reagiram como sempre: reafirmando a mentira como um modo de
estar no mundo e, para ser escuridão em manhã plena de luz, Lula responde ao
xeque-mate da Justiça ministrando uma aula magna de cinismo.
Insistindo
em deformar a realidade, o jeca amputou a verdade mediante o vitimismo de drama
de circo; a clivagem já ineficaz entre “nós” e “eles”, excetuado o bando
devoto; a tentativa inútil de fazer o juiz Sergio Moro, a pessoa mais admirada
no país atualmente, parecer detestável. Um metalúrgico não pode ter um sítio?
Claro que sim: ao milionário Lula, assim como a qualquer cidadão, basta
adquiri-lo honestamente e declarar o bem. Onde guardar 11 contêineres da
mudança? Um bazar beneficente com os presentes cedidos pelo amigão dos pobres
teria sido uma boa maneira de aliviar essa carga. Necessária a condução
coercitiva? Pergunte-se ao procurador Cássio Conserino que não pôde colher o
depoimento do casal fujão que debocha da lei.
A
fala expelida das profundezas da pilantragem profissional germina naquilo em
que é mestre: falsidade, truculência e arrogância que têm, no coração do
caudilho, ninho indevassável. Do que mais precisa para triunfar um homem
primitivo com esse talento insuperável para a farsa? Gerado no peleguismo
sindical, amamentado no colo da ditadura, amadurecido nos braços das esquerdas
na redemocratização, a Lula só faltava a chave do cofre e, de lambuja, um
ambiente semicivilizado, inóspito à dissidência, ao cumprimento das leis e ao
confronto político.
O jeca que se vê como herói de dramas falsos
ignora a verdadeira tragédia pessoal
da farsa que se crê mito: como disse Isaac Asimov,
na vida, ao contrário do xadrez,
o jogo continua após o xeque-mate.
Dono
da chave do cofre eleito presidente, tratou de degradar ainda mais o ambiente,
o que o eternizaria na posse da chave, uma coisa garantindo a outra. Muito
simples: cooptação de capitalistas selvagens, colonização ideológica,
demagogia, sabotagem da democracia, compra de consciências. Até a manhã luzidia
desta sexta-feira a que a Lava Jato e a conduta serena e segura de Sergio Moro
nos trouxeram, acelerando o desmanche da farsa iniciado há algum tempo com a
nação exangue que tenta se reerguer como pode, apoiada nas instituições falhas
e tardias, no jornalismo independente que resiste e abandonada pela oposição.
Depois
do depoimento, a fala de Lula traduziu um líder – para os devotos incuráveis –
que, atingido, se fortalece e se apresenta para liderar, precisamente, os
devotos incuráveis. Mas também mostra que, cego pela luz da manhã radiosa, não
vê que ela vai raiar ainda outras vezes em desdobramentos saneadores do
primitivismo que a súcia quis eternizar e que esse xeque-mate é apenas parte disso.
O jeca que se vê como herói de dramas falsos ignora a verdadeira tragédia
pessoal da farsa que se crê mito: como disse Isaac Asimov, na vida, ao
contrário do xadrez, o jogo continua após o xeque-mate.
FONTE: BLOG DO AUGUSTO NUNES
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