LEWANDOWSKI, POR NANI |
O ÚNICO GOLPE A QUE SE ASSISTIU
FOI O DADO POR LEWANDOWSKI
Por Reinaldo Azevedo – UOL – 02/09/2016 - 02h00
Os petralhas deixaram o poder. Não sinto
saudade antecipada nem terei crise de abstinência. Sei que continuarão
rondando. É da natureza rapace das hienas. Não estão só no PT. A rosa teria
igual perfume se tivesse outro nome, a exemplo do monturo moral caso se
chamasse rosa. O petralhismo é uma legião.
Está no PSOL, no PSTU, na Rede – nesse
caso, vem acompanhado com uma espuma de Banco Central independente e uma
redução de ecologia balsâmica. Mas a crença é a mesma. A cozinha molecular de
Marina Silva tem a idade do atraso.
Um bando de vagabundos, protegidos
por boa parte da imprensa paulistana, voltou a causar tumulto em São Paulo no
pós-impeachment. Como sempre, meia dúzia de gatos pingados. Como sempre,
depredaram agências bancárias. Como sempre, queimaram lixeiras. Como sempre,
atacaram a polícia. Uns tontos picharam a porta desta Folha com a palavra "golpista".
Justamente a Folha, o maior celeiro de colunistas de esquerda do país. Há mais
colunistas de esquerda na Folha do
que no "Granma", o jornal oficial do Partido Comunista de Cuba. Esquerdista
é assim: não respeita clube que o aceita como sócio. Esquerdistas são como
Gleisi Hoffmann: pensam que a Casa que os abriga não tem moral.
A PM teve de recorrer a bombas de
gás. Sabem como é... A democracia de uniforme precisa de meios de dissuasão.
Leio no "O Estado de S. Paulo"
que, na quarta à noite, "em menos de dois minutos, os policiais lançaram
10 bombas"... Não entendi se o jornalista acha muito ou acha pouco...
Se o bando estiver quebrando um
banco, atacando um prédio público ou tentando rachar a cabeça de adversários,
como de hábito, acho pouco. Se estiver lendo os Evangelhos e atrapalhando o
trânsito, acho muito.
Eis um vício, um sestro, uma
deformação mesmo, muito típica da imprensa paulistana. A PM está sempre errada,
mesmo quando certa. Entendo a razão: boa parte da mão de obra é contratada
entre formados de jornalismo que tiveram aulas com professores do PSOL e do
PSTU. Há até moderados dando aula. São os petistas... Mesmo quando
manifestantes batem em jornalistas, estes sempre compreendem por que estão
apanhando.
“Esquerdista é assim: não respeita clube que o aceita como sócio.
Esquerdistas são como Gleisi Hoffmann:
pensam que a Casa que os abriga não tem moral”
Eis o tipo de gente que o PT e Dilma
mobilizam com a sua conversa mole de golpe.
O único golpe a que se assistiu na
quarta-feira foi o desferido por Ricardo Lewandowski ao ignorar a letra
explícita da Constituição. O parágrafo único do artigo 52 da Carta não deixa
margem a interpretações. Vota-se a "perda do cargo, COM inabilitação, por
oito anos, para o exercício de função pública, sem prejuízo das demais sanções
judiciais cabíveis." E ponto!
A menos que o senhor presidente do
Supremo me apresente um tratado sobre o sentido derivado da palavra
"com", ele rasgou a Constituição. Quero discutir gramática com
Lewandowski. Cabe mandado de segurança. Cabe ADPF. Rodrigo Janot terá a
coragem?
Qualquer decisão que não atrele a
inabilitação à perda do mandato é exercício picareta do direito. Se o
fundamento teve uma aplicação torta (e teve!) no caso Collor de Mello, dois
erros não fazem um acerto. Em dobradinha com Renan Calheiros, Lewandowski
resolveu sobrepor um artigo meramente procedimental do Regimento Interno do
Senado a um fundamento constitucional.
REINALDO AZEVEDO É JORNALISTA |
Nas ruas, os dilmistas queimam lixo e
pneus; no Senado, Lewandowski e Renan Calheiros queimam a Constituição.
Dia desses, chamando-me várias vezes
de cachorro, Guilherme Boulos, a hiena, perguntou no site da Folha o que eu escreveria quando o PT
se fosse.
Em país em que há Lewandowski, Boulos
e Renan, infelizmente, fala-se menos de rosa do que de monturo moral.
Ah, sim! Tchau, petralhas! É só o
começo.
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